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segunda-feira, outubro 31, 2005

Aliás...

Por falar em Bush, um livro que poderia ser publicado aqui no Brasil é Fogo Grego. O nome do autor se me lhe escapa: o da editora portuguesa que publicou o volume que li, também. Mas neste livro, há um interessante alerta de que, depois de ser o inspirador original da idéia de que é possível regular e ordenar ao máximo o ser humano, que acabou por inspirar as ditaduras do século XX, Platão era agora o inspirador dos neoconservadores que tanto dominam o governo dos EUA. O filósofo grego, com Marx e Hegel, foi um dos atacados por Karl Popper no livro "A Sociedade Aberta e seus Inimigos", pelo teor anti-democrático das suas idéias.

No gabinete, e só com água mineral

Ouvi na TV hoje que Lula e Bush devem se encontrar em um churrasco. Má idéia, má idéia. O encontro devia ser o mais protocolar possível. Bush é alcoólatra. Se há uma coisa que ele saberia fazer, é medir o peso e a influência do álcool na vida de um homem.

domingo, outubro 30, 2005

Manifesto que vem de Cuba

O povo do Consenso Democrático, movimento que luta por mais liberdade em Cuba, divulgou um manifesto para reafirmar seus princípios, como forma de reagir ao aumento da repressão pela ditadura de Castro. Abaixo, o texto:
"Ante a escalada repressiva pelo governo cubano nestes últimos meses, que alcançaram vários de nossos membros e ativistas, e aos responsáveis pela revista digital Consenso, o Arco Progressista, expressão política institucional do pensamento socialista e social-democrata cubano, DECLARA:

1. Sua solidariedade, tal como fizemos desde setembro, com todos nosso conpatriotas diante dos atos de repúdio que sofreram ou sofrem com esta escalada de barbárie e incivilidade com o que o governo cubano, contra a Constituição do país, as normas básicas que fundamentam os stados modernos e os princípios de direito internacional, pretende calar as vozes pacíficas dos lutadores pró-democracia em Cuba.
2. Seu agradecimento a todos aqueles que dentro e fora de Cuba expressaram sua solidariedade com o Conselho de Redação de Consenso e com os membros de nossa associação Arco Progressista, pelo ato de repúdio sofrido em 10 de outubro. Um agradecimento que por certo inclui os socialistas, social-democratas e progressistas do mundo - do Partido Socialista da França, do Grupo Socialista do Parlamento Europeu, dos Democratas de Esquerda da Itália, do Partido Socialista Obreiro Espanho e da Alternativa Social-Democrata Camponesa do México - e de numerosos intelectuais de Cuba e de outros países.
3. Seu compromisso reafirmado, independientemente de conjunturas ou circunstâncias adversas, con la busca pacífica da democratização e o reconhecimento institucional, integral e efetivo dos direitos humanos. Neste sentido, soma sua voz àqueles que felicitaram e reconheceram as Damas de Branco por terem recebido o Prêmio Sakarov de Direitos Humanos que outorga o Parlamento Europeu, e estende sua felicitação à advogada nigeriana Hauwa Ibrahim e aos Repórteres sem Fronteiras, agraciados também por sua luta em favor dos direitos da mulher no mundo islâmico e seu compromisso com a liberdade de expressão, respectivamente.

4. Seu apego à estratégia de alcançar mudanças pacíficas por meio do diálogo, a transição pactuada e la reconciliação nacional, e portanto, sua distância de toda estratégia de desestabilização – negativa para a segurança nacional de Cuba e para a mudança que queremos – e que provocadoramente o gobierno agora atiça con a reanimação destes atos de repúdio. Neste sentido, reafirma seu compromiso con a não-violência, o pacifismo, o civilismo e o trabalho nos marcos da lei para regular os conflictos sociais e políticos.

5. Sua reafirmação, ao lado dos valores da liberdade, justiça social, solidaridade, pluralismo, moderação e defesa do direito das minorias, e da soberania e independência de Cuba, assim como do multilateralismo no direito internacional e contra as medidas externas de arrocho, pressão e isolamento.

6. Finalmente, o Arco Progresista responsabiliza diretamente o governo de Cuba por qualquer dano à integridad física, psicológica e moral e aos interesses pessoais de nossos membros e simpatizantes, assim como de seus familiares.

Manuel Cuesta Morúa
Porta-voz
____________________________
Sede de Referencia: Edificio C-11 Apto 4 Zona 6 Alamar. Habana del Este. Ciudad Habana. Cuba.
Telefax:+53-(0)7-93 09 12. Celular (para contacto solamente) 05 284 03 88
Correo electrónico: cosdec2002@yahoo.es

"América" chega ao Guardian

Aliás, o beijo entre dois personagens masculinos da novela "América" também está nesta seção do site do Guardian. Quem quiser ler que clique no título do post - a novela e por conseqüência a polêmica são muito chatas, para mim, para valerem explicação.

Jerry Maguire da vida real

Deu na seção do Guardian sobre a mídia: ao deixar a BBC por causa de um mail inapropriado seu que foi descoberto, um editor chamado Jason Deans escreveu um outro e-mail, que para muitos deve ter parecido muito mais inapropriado do que o anterior, que fazia uma brincadeira de classificação dos atributos estéticos das colegas de trabalho ("transo, caso ou jogo de um penhasco?").
Neste mail, chamado de "um mail do tipo Jerry Maguire", que Deans mandou para seus chefes e o diretor-geral da emissora de tv inglesa, Mark Thompson, ele diz que a BBC está "cheia de programas que não significam nada". Mais: acusa os colegas de ter uma atitude "sabichona, derrogatória e condescendente" diante das outras pessoas que participam de seus programas. Em suma, a BBC, segundo Deans, estaria he farewell email also criticised colleagues for having a "derogatory, condescending BBC-knows-all attitude" towards ordinary people who feature in their shows. O demissionário também lamenta a "falta de estimulação mental e de tomada de riscos" na TV, segundo o Guardian. Não deve ser o único escritório do mundo onde há isso, se serve de consolo para Deans.

sábado, outubro 29, 2005

Duke

Um desenho do Duke Ellington que fiz uma vez para tentar decorar um bar especializado em jazz em Vitória. A dona do ishtabilishimentu não se entusiasmou. Clique no título do post e vá para o site oficial dele, com fotos, músicas para baixar e até um contato para negócios com a "marca" Duke Ellington

sexta-feira, outubro 28, 2005

Sieg Heil

Você ataca seu adversário político usando para isso o fato de ele descender de uma determinada etnia, que vez por outra é acusada de ser, toda ela, responsável por uma conspiração que semeou destruição e sofrimento no mundo; além disso, distorce suas palavras. Quem fez isso, antes dos dirigentes sindicais e petistas que espalharam cartazes chamando Jorge Bornhausen de nazista? Os próprios nazistas, oras. O link deste post (clique no título) mostra como Avel, Abelmar e aquele outro petista que não tinha nome de fertilizante como os outros dois apenas seguem uma, bem, linha evolutiva da propaganda política via cartazes que descende dos nacionalistas e socialistas alemães (ou seja, dos nazistas). Mas talvez o ponto alto do cartaz foi tentar ligar os petistas aos "pretos. pobres e gays" que eles acusam Bornhausen de querer exterminar; no mesmo dia em que Avel admitia seu crime, o chefe de gabinete da presidência tentava desqualificar um depoimento em uma acareação com os irmãos do prefeito assassinado dizendo que "não dá para levar a sério o depoimento da empregada".

Raquel, bela morena

"O dinheiro nunca foi fácil, foi apenas rápido". É por frases como esta que o último post de Bruna Surfistinha no seu blog é, como dizer, um clássico da literatura da internet? É um longo (para padrões dos blogs) texto em que ela parece estar tomando um bom banho mental, jogando fora todo seu passado de prostituta e refletindo sobre ele, na sua última noite como garota de programa - a partir de hoje, ela pretende deixar de sê-lo e assumir seu nome verdadeiro, Raquel. É um grande monólogo que encerra uma grande história.

quinta-feira, outubro 27, 2005



Acho que já fui esse cara aí. Mas eu esqueci de onde tirei esse desenho.

quarta-feira, outubro 26, 2005

A FRASE DO DIA foi dita hoje, segundo o Globo Online, pelo diretor do Sindicato dos Profissionais de Processamento de Dados do Distrito Federal Avel Alencar, de 42 anos, adminto que foi o responsável pela confecção de três mil cartazes com uma fotomontagem do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), vestindo um uniforme de nazista. Ao dizer que queria processar Bornhausen por racismo por ele ter usado o termo "raça petista" (qual a pena para os locutores de futebol que pedem mais raça aos times?), ele procurou isentar a participação do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e de petistas e gente do governo do ato, como suspeitou o senador. E saiu-se com esta, para criticar o senador e assumir sozinho a feitura dos cartazes.
- O Bornhausen não reconhece que a sub-raça tem capacidade de raciocínio?

Parece que Goebbels mexeu-se na tumba: "como não pensei num slogan destes?", praguejou, em alemão.
Quando vinha ao Rio, papai, como, aliás, todos os nordestinos, só se hospedava no Hotel Serrador, aquele hotel redondo ali na Cinelândia. Um dia viemos eu, ele e mamãe, e eu pedi para a gente ficar no Hotel Glória. Papai disse que não tinha dinheiro pra isso, mas acabou cedendo. Lembro até hoje da data, por motivos mais ou menos óbvios: 27 de março de 1964. Era a época de Gregório Bezerra, Francisco Julião. Sei que a usina foi invadida pelo pessoal do campo, papai teve que voltar pra Recife e nós duas ficamos no hotel. No dia 31, estoura a revolução e ele fica impedido de voltar.
Mamãe precisava falar com papai. O telefone do nosso quarto tinha sido bloqueado. Desço com ela para o restaurante e pergunto a um garçom pelo dono. Ele me aponta um homem de bigode, cabelo preto. Vou até ele:
- O senhor pode deixar a gente falar no telefone? Minha mãe precisa falar com meu pai – pedi. - Ah, minha princesinha, eu não posso fazer nada. - Mas o garçom disse que o senhor é o dono do hotel. - Não, não sou não. - Então o senhor é mentiroso ou o seu garçom é mentiroso. - O que você quer, minha princesinha? - Minha mãe precisa telefonar para o meu pai. - Então venham ao meu escritório.
Quando a gente estava saindo do escritório dele, ele vira-se pra mim e diz: - Você quer casar comigo? - O senhor é maluco? Eu não gosto de homem de bigode. O senhor parece meu pai. Ele riu muito e três meses depois nos casamos.
Maria Clara Tapajós casou-se aos 19 anos com Eduardo Tapajós, um dos proprietários do Hotel Glória no Rio. A história está no site Um Balcão na Capital - Memórias do Comércio na Cidade do Rio de Janeiro (http://www.museudapessoa.net/hotsites/sescrio/).
  • "Valores morais" têm decidido eleições e ganharam um peso maior em discussões políticas - e no Canadá, os valores morais da tolerância e discernimento aparentemente estão criando uma situação que, para nós, parece ser do outro mundo: André Boisclair, um candidato à liderança do partido separatista de Quebec, estava firme na disputa, apesar de nunca ter escondido sua homossexualidade.
    Pois bem, no mês passado, uma reportagem mostrou que Bisclair sabia cutir a noite em Quebec - inclusive enchendo a cara e cheirando pó - ainda em 1990.
    É para derrubar qualquer um, não? Mas Boisclair não tentou sair pela tangente ou largou a disputa: assumiu que consumiu cocaína sim.
    O resultado: Boisclair fortaleceu-se na liderança da disputa. Pesquisas mostraram que o uso da cocaína não era um assunto para ser levado em conta na eleição.
    "Foi uma maneira de mostrar compaixão e empatia pela intrusão na vida das pesoas", disse Alain Gagnon , um cientista político da Universidade Quebec em Monteral, ao New York Times, de onde eu tirei essa história, que me foi enviada por um amigo. "A tolerância é algo que define o caráter de Quebec. Isso vem de nossa história como um grupo dominado"
HOje deve ser o último dia em que poderemos acompanhar as aventuras de Bruna Surfistinha no seu blog (http://www.brunasurfistinha.com/blogs/). Ela foi o primeiro fenômeno da Internet no Brasil (?). Lógico que ler sobre seus programas era excitante, divertido, atrai. Mas o que ela diz entre um programa e outro, sobre a vida, o tédio do domingo, o bicho de estimação, a ida ao shopping, o gamão virtual, é bem escrito, sincero, e consegue exprimir o que há e o que não há na cabeça de muita gente da mesma idade que zanza por aí, sem objetivo definido, sem ter valores mais definidos, sem saber o que fazer com os primeiros anos do resto de suas vidas.

terça-feira, outubro 25, 2005

"Até parece que no Brasil todo mundo atira em todo mundo", queixou-se um amigo meu ao ler um lead de uma reportagem do New York Times sobre o referendo na semana passada. Não disse nada; só pensei em Walter Lippmann e seu livro sobre opinião pública que tem este mesmo nome, "Opinião Pública". Lippmann, acho, tinha menos de 30 anos quando escreveu este livro. Ele depois veio a ser o mais influente colunista político americano, amigo de Raymond Aron, um dos primeiros a dizer que o envolvimento no Vietnão ia dar errado. Seu livro tornou-se um clássico da comunicação social - mas ainda não foi traduzido para o portugês, o que diz muito sobre a, digamos, capacidade de "debate de idéias" no "espaço público universitário", para usar jargões de professor de filosofia da USP. Talvez porque em outro livro, anterior, ele mostrou como as esperanças dos jornalistas americanos despertados com a Revolução Russa acabaram por turvar o noticiário sobre a tomada do poder por Lênin.
O que tem a ver um livro da década de 20 com uma abertura de notícia de jornal da semana passada? É que nele Lippmann dedica uns três capítulos a explicar a importância dos estereótipos para as nossas visões de mundo. Os estereótipos dão uma ordem de importância às informações que colhemos da realidade externa, eles simplificam e tornam mais fáceis de entender o que vivemos. Especialmente no caso de termos de entender algo que acontece a quilômetros de nós, como no caso dos leitores novaiorquinos e o referendo no Brasil sobre as armas. O que é preciso, segundo Lippmann, é saber isso, ter consciência de que os estereótipos nos mostram uma parte da realidade, não a verdade inteira. Ou seja, dizer que fulano é "classe média" diz muito sobre ele, mas não diz tudo. O que quer dizer que quando o sujeito do New York Times escreveu que os brasileiros costumam atirar uns nos outros ou coisa parecida, ele estava apenas tentando resumir em uma frase forte, para que novaiorquinos compreendessem de uma maneira simples, um problema que salta aos olhos de um estrangeiro: que no Brasil a violência é grande. É um detalhe a ser ressaltado, mas não é toda a verdade. Da mesma maneira que quando lemos nos nossos jornais e revistas sobre o "consumismo americano", não quer dizer que o país com mais orquestras sinfônicas e universidades do mundo seja habitado apenas por gente que come McDonald's e freqüenta shoppings o tempo inteiro.
E por falar em referendo, uma frase de Lippmann pode explicar porque muita gente votou no Não mesmo sendo a favor da paz, do desarmamento: é que elas têm de viver em um mundo mais complexo do que gostariam de viver. E devem ter se ressentido de pregações morais a favor do Sim que ignoraram estas complexidades. OU, segundo as palavras de Lippmann: "A preparação dos caracteres para todas as situações em que os homens talvez enfrentem é uma função da educação moral. Calaramente então, depende, para seu sucesso, da sinceridade e conhecimento no qual o ambiente externo foi explorado. Porque em um mundo falsamente concebido, nossos próprios caracteres são falsamente concebidos, e nós caímos em um engano. Desta forma, o moralista deve escolher: ou ele oferece um padrão de conduta para todas as fases da vida, não importa o quão desgostosas algumas delas possam ser, ou ele deve garantir aos seus pupilos que eles nunca serão confrontados pela situação que ele desaprova. Ou ele consegue abolir a guerra, ou ensina às pessoas como suportá-la com a maior economia psicológica possível; ou ele abole a vida econômica do homem e o alimenta com poeira e orvalho, ou ele deve investigar todas as perplexidades da vida econômica e oferecer padrões de conduta que são aplicáveis em um mundo onde nenhum homem consegue se sustentar sozinho. Mas isso é justamente o que a cultura moral predominante costuma recusar-se a fazer. Nos seus melhores aspectos é uma atitude hesitante sobre as complicações do mundo moderno. Nos seus piores, é apenas covarde".
O livro dele pode ser lido na Internet nos endereços:
http://xroads.virginia.edu/~HYPER2/Lippman/pbpnn10.txt
http://www.gutenberg.org/etext/6456
Empresário que pagou viagens de irmão de Lula já foi preso por envolvimento com narcotráfico, segundo artigo de Ronaldo Brasiliense no "Congresso em Foco", um bom site de acompanhamento do Legislativo: http://www.congressoemfoco.com.br/DetArticulistas.aspx?articulista=167&colunista=2
Em 1944, o bandleader Henry Jerome reorganizou sua orquestra. Em 1945, com ele estavam tocando no Child's Paramount Restaurant na Times Square, em New York, dois saxofonistas, , Leonard Garment and Alan Greenspan (o arranjador era Johnny Mandel). Garment abandonou a banda pouco depois, tornou-se um advogado e ficou amigo de outro jovem advogado na sua firma chamado Richard Nixon - de quem ele foi advogado mais tarde, quando Nixon foi eleito presidente. Isso foi muito antes de Jerome fazer sucesso, inclusive no Brasil, com a série Metais em Brasa. Passei a noite atrás de um download de uma música que reunisse os quatro; não consegui nada, fracasso total.
Domingo, comer fora, vamos ao shopping que já foi o Outlet e cujo nome não me lembro, em Botafogo, no Joe e Leo´s. Falta vaga para os carros. As lojas estão cheias. Muita gente para pouco lugar. No domingo, no Rio, tudo parece lotado. Parece existir um maior número de pessoas disposto a gastar dinheiro na cidade do que um número de pessoas disposto a oferecer chances de estas pessoas gastarem o seu dinheiro.

Arpad Szenes teve de se exilar no Brasil durante a II Guerra Mundial com sua mulher, a pintora portuguesa Vieira da Silva. Para sobreviver, os dois tiveram de dar um tempo na experimentação abstrata e pintar figurinhas que os seus compradores aqui entendessem. O desenho ao lado é de uma foto dele em um catálogo de uma exposição da produção de ambos, montada há uns três anos, acho, na Casa França Brasil.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Ben Bernanke vai substituir Alan Greenspan no Fed. No site dele em Princeton, http://www.princeton.edu/~bernanke/index.htm, você vê os livros que ele lançou sobre a grande depressão e metas de inflação, e alguns de seus últimos textos, que respondem a perguntas como "devem Bancos Centrais responder a movimentos nos preços dos ativos"? O mail dele, por enquanto, é bernanke@princeton.edu
O Tim Festival é bom para estrear roupa nova. Mas quer ouvir experimentação musical? Tente ir ao antigo Cine Ricamar, em Copacabana, na quarta-feira, às 19 horas (hoje o lugar se chama sala Baden Powell). Vai ter a apresentação da música experimental, feita com o apoio de luzes, de L.C. Csekö , Lucila Tragtenberg (voz), Sarah Cohen (piano), Aloysio Neves (guitarra), Joaquim Abreu (percussão) e L.C. Barbieri (violão). Ingressos entre 10 e 5 pratas.

domingo, outubro 23, 2005



Um dos mais simples desenhos que já fiz; e talvez o que eu mais goste

Outro da série "desenhos no sirvissu". Sabe-se lá porque eu o desenhei na borda de um papel, bem no canto.
"Sou da opinião dos que crêem que os povos da Germânia não se alteraram por casamentos com nenhuma outra nação e que são uma raça singular, genuína e semelhante só a si mesma", escreveu Tácito, historiador romano. Por essas e outras frases Goering chegou a mandar um destacamento das SS só para procurar o mais antigo manuscruito de Germânia, escrito em 98 Depois de Cristo. Uns 700 anos mais tarde, a expansão muçulmana na Europa foi interrompida em Poitiers porque os cavaleiros muçulmanos ficaram preocupados com quem estava tomando conta do lôja - um boato de que o botim de seus saques no acampamento na retaguarda os desorganizou e eles perderam a luta, segundo um cronista árabe. E os árabes foram importantes para o humor judeu, ou pelo menos para o humor do rudito judeu convertido chamado Petrus Alphonsus que se baseou nas histórias dos muçulmanos para criar As Piadas do Preto Maimundo - uma espécie de antepassado medieval de Pedro Malazartes, Zé Grilo e Didi Mocó. Todos estes textos medievais ou romanos podem ser lidos em português num site de um professor de história medieval. O endereço: http://www.ricardocosta.com/
Em 1970, Milton Friedman escreveu um artigo famoso no New York Times pregando que a responsabilidade social das empresas é aumentar seus lucro. Com o artigo, ele tentava espanar toda uma conversa que começava a se espalhar no mundo dos negócios americanos sobre "consciência social" dos negócios e coisas parecidas, que, para ele, so atrapalhariam as pessoas a trabalhar e trariam mais prejuízos à sociedade.
Depois de 35 anos, Friedman foi contestado em um debate publicado na revista Reason por um capitalista orgulhoso: John Mackey, fundador e CEO da Whole Foods, a rede líder mundial de vendas de alimentos orgânicos e naturais. Mesmo dizendo que o Nobel de Economia Friedman é um de seus heróis, e citando economistas da escola liberal como Ludwig von Mises, Mackey argumenta no debate que a preocupação de uma empresa com sua comunidade é uma necessidade para o negócio. Friedman replica, em seu artigo, que os que os separa mais é uma questão de semântica; na verdade, ambos pensariam a mesma coisa, e o economista só não quer que alguém determine a uma empresa o que fazer, se não forem seus acionistas ou dirigentes. Resposta mais dura deu o CEO da Cypress, uma fabricante de semicondutores, T. J. Rodgers, no debate. As idéias de Mackey tornam-o um egoísta insensível, diz Rodgers, mas seu negócio ajudou muita gente ao modernizar as comunicações e diminuir a necessidade de papel das empresas. Mackey concorda com isso - mas também dá uma resposta dura à crítica feita por Rodgers de que ele parece mais um marxista do que um liberal: "Cypress Semiconductores lutou para ser lucrativa por muitos anos, e s balanço mostra dividendos negativos de mais de US$ 408 milhões. Isso significa que em sua inteira história de 23 anos, Cypress perdeu mais dinheiro para seus investidores do que o ganhou. Ao invés de chamar minha filosofia de negócios de marxista, talvez seja tempo para Rodgers de repensar a sua própria".
O debate todo está em http://www.reason.com/0510/fe.mf.rethinking.shtml

sábado, outubro 22, 2005


Uma das distrações no meu trabalho é desenhar fotos de jornal que ficam expostos durante uma reunião matinal. Foi de uma destas fotos que eu fiz este desenho da Sally Química. Alguém se lembra dela? O olhar, o rosto que parece querer sorrir mas se mantém sério, me chamou a atenção desta mulher acusada de ter inventado as armas químicas usadas por Saddam Hussein.

William Claxton é um grande fotógrafo de músicos de jazz. De vez em quando, me baseio em algumas de suas fotos, de um livro que ganhei, para exercitar o desenho. Depois, passo o desenho no scanner e mudo algumas de suas características. Neste desenho aqui, por exemplo, mudei a transparência do papel. Daí a aparência de bruma.
A 7 de junho de 1885, o britânico William John Steains partiu do Rio de Janeiro para uma exploração do Vale do Rio Doce. Encontrou sobreviventes de uma colônia de norte-americanos sulistas que deixaram os EUA após a Guerra Civil esperando fundar uma nova civilzação mas foram vencidos pela natureza hostil e os índios da região. Conversou com um matuto que lhe contou que quando fosse à capital do Império queria ter uma conversinha com o tal "governo", porque ele estava muito relapso - como se governo fosse uma pessoa, não uma instituição. Ouviu histórias de como uma colônia foi destruída pelos índios botocudos, após o assassinato do capataz. Depois de oito meses de viagem, constatou que o vale era "uma grande lacuna no edifício de civilização que, nos últimos 370 anos, se vem lentamente erigindo ao longo das 4.900 milhas de litoral brasileiro" em uma conferência na Royal Geographic Society, em Londres,, em 1988. O texto foi traduzido pelo escritor capixaba Reinaldo Santos Neves e pode ser encontrado neste site: http://www.estacaocapixaba.com.br/
Shirley Horn morreu aos 71 anos. Começou como pianista e cantora, ajudada por Miles Davis. Quer saber se perdemos algo? Ouça as músicas dela aqui: http://www.mp3.com/albums/55832/summary.html
Difícil consenso com Fidel
Muito se fala agora na difícil tarefa de refundar a esquerda. Ela é muito mais difícil quando você vive em uma ditadura de esquerda. Quem quer saber o quanto, pode acessar a revista Consenso pela Internet. Ela é feita por um grupo de esquerda cubano que clama pelas liberdades mais óbvias e alerta que a política da fome da ditadura de Fidel Castro a longo prazo só joga mais ainda o país nos braços dos EUA e dos exilados cubanos (que mantêm a economia mandando para lá o dinheiro que ganham no cruel capitalismo). O número novo da revista atrasou um pouquinho, por causa de ameaças e outros tipo de perseguição que serviçais do regime de Castro usaram contra os editores.
Os textos são longos, longuíssimos para o padrão usado no jornalismo hoje. O que talvez seja um reflexo da falta de liberdade de expressão. Lembro como na infância lia jornais alternativos que tinham textos enormes falando sobre tudo, querendo tentar resolver o mundo ao ouvir o novo disco do Paul McCartney ou analisando uma peça de Plínio Marcos. E gostava, aliás, para quem acha que em tese temos de conquistar mentes jovens com muita imagem e pouco texto.
O site da revista é http://www.consenso.org/
Saiu o terceiro número da revista F. Humor, que realmente é muito divertida. As regras do churrasco por Allan Sieber são muito boas, Arnaldo Branco é ótimo, etc. Mas a história "Hermano Gonzalez: Mano de Fé" chama muito a atenção pelas suas características plásticas. O desenho é extremamente simples, as cores são chapadas. Mas tudo muito bem distribuído em cada um dos quadros, o resultado é, sem querer ofender o autor, muito bonito. O endereço do site da revista é http://www.fhumor.com.br/
O referendo das armas levou a discussões sobre muito mais coisas do que votar sim ou não. Mostrou que os artistas não são mais garotos-propaganda eficientes em campanhas políticas. Que as estatísticas estão perdendo a aura de escritura sagrada que tinham até anos atrás. Um subproduto do fim do comunismo e do fracasso dos planejamentos econômicos, planos qüinqüenais, programas governamentais para regular as nossas vidas? Pode ser que sim. E um alerta para quem gosta de comemorar muito subidas de 3% no PIB em um trimestre, por exemplo. Se nos trezentos trimestres anteriores tivessem havido sempre altas, seria para comemorar. Mas depois de crises e depressões, isso é apenas a tentativa de recuperação de um tempo que já foi perdido; o recém-formado em administração já foi para os EUA lavar pratos e conseguiu ganhar a vida. A pequena confecção já faliu. O projeto informática já foi tolhido porque uma placa de chip teve sua importação proibida por ser de "segurança nacional".
Esse tempo perdido pode ter levado ao fato que considero realmente novo nesta campanha do referendo: se o Não ganhar, terá sido esta a primeira vez em que a maioria dos eleitores foi conquistada pela idéia de que o governo NÃO DEVE FAZER ALGO. Em todas as outras campanhas políticas que eu me lembre de ter visto, os candidatos e partidos sempre prometiam que com eles no poder o estado iria dar alguma coisa: saúde, segurança, educação. Depois de anos não dando isso aos pagadores de impostos, que também têm de pagar plano de saúde privado, plano de previdência privada, escola particular, o truque aparentemente cansou. Se for isso verdade, um muro de Berlim caiu da frente dos nossos olhos. E futuros marqueteiros e políticos podiam começar a levar isso em conta em suas campanhas em 2006. Aquele candidato que prometer deixar as pessoas livres para viverem sua vida, menos impostos, seguir a frase de Calvin Coolidge, para quem "o governo não deve evitar o trabalho duro" poderia ter grandes chances.
E em caso de a vitória do Não ter sido mesmo calcada nesta idéia, é bom que os seus divulgadores, a Frente da Legítima Defesa, lembrem-se disso no caso de quererem lançar idéias como a pena de morte no Brasil. Se houvesse um referendo sobre isso, o resultado iria ser um NÃO maior ainda. Se você quer saber o porquê, vá a algum fórum. Tente conseguir alguma informação lá. A idéia de que aquilo tenha capacidade de decidir com isenção se alguém é culpado ou inocente e pode morrer ou não é simplesmente inacreditável depois de um passeio destes.