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quarta-feira, janeiro 28, 2009

Darwin e a involução

Quero que Barack Obama não tire as tropas do Iraque, não feche a prisão de Guantánamo e restrinja o etanol brasileiro, se eu estiver mentindo (na verdade, ele vai fazer isso, mas não é o momento para falar disso). Mas essa história é real.
Um amigo meu tinha de apresentar um relatório numa reunião de uma grande empresa. Sabe como é, um daqueles "papers" com power point etc. O tema tinha a ver com a evolução dos produtos da sua companhia. Ele pensou num jeito de apresentar um trabalho bonitinho, com uma, ahn, "mensagem"
E tascou, na apresentação do trabalho, alguma frase que, se não me engano, era... "A evolução nos torna melhores". Algo deste nível. Para dar um verniz de profundidade a esta frase, ele tinha de dar um autor para ela, certo? Qual seria o autor apropriado, pensou ele (é, ele ainda PENSOU)? Charles Darwin, é claro.
A apresentação do trabalho foi um sucesso e ele ainda foi cumprimentado pelo chefe por ter buscado nas raízes do pensamento de Darwin uma frase que resumia tão bem os desafios e a missão da empresa. Tal é o mundo mental dos executivos e de gente que faz MBA.

Coelho morre

Vamos falar um pouco do que não tenho certeza: talvez John Updike tenha sido, para o mundo industrial, algo similar ao que foi Dante Aligheri para a Idade Média: o escritor que fixou para a história um modo de vida e de pensar que ele sabia que estava acabando, mudando. As histórias da série "Coelho", e os contos e outros livros sobre o comportamento da classe média dos subúrbios, registraram a mudança de hábitos sexuais e comportamentais a partir do fim dos anos 50 que se espalhou por uma vasta maioria antes ajustada em seus papéis - vai lá, o que os chatos chamam de "burguesia" - e o desconforto do Macho Branco Adulto em não ser mais o centro do mundo. Se você é um Macho Branco Adulto, acha comovente. E consolador. E até gosta mais deste novo mundo.