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segunda-feira, outubro 20, 2008

Um sábio na noite

Geralmente eu não dou mole. Mas não pude deixar de prestar atenção, E incentivar, a conversa de um taxista que peguei ontem à noite, indo da minha casa prá Ipanema. Em dado momento, na Lagoa, indo por Cantagalo, ele vê um carro mudar de pista bruscamente, no meio da chuva, e começa, numa voz bem grossa, rouca, parecendo que falava enquanto faz força na privada, um sotaque bem nordestino:
- O senhor vê, as pessoas em dia de chuva viram bicho no trânsito. Hoje só tem bicho dirigindo. Eu vou é prá casa.
Eu:
- É verdade, as pessoas estão muito mal-educadas.
- Especialmente as mulher. As mulhé fazem cada coisa na rua que Deus que me livre. Em dia de chuva, eu tenho mais medo de mulher dirigindo do que o capeta.
Eu (pensando "vamos ver onde vamos parar")
- O senhor tem razão. Elas estão muito mal-educadas.
- Mas isso não é culpa delas não; é culpa sabe do quê?
Eu
- Do quê?
- É dos homens. Hoje só tem frouxo e viado. Num tem mais homem, tá proibido ser homem. Os macho que essa mulhé arruma é tudo frouxo e viado. Aí elas vão prá rua achando que todo mundo é frouxo que nem o macho que elas têm em casa.
EU (pensando que, de certa forma, alguma razão ele tinha, mas estimulando para teorizar mais tarde)
- É verdade. Essas mulheres ficam querendo, querendo, e os homens ficam preocupados em ceder, para agradar, porque é bonito, e dá nisso
- É a mais pura verdade, meu senhor. E mulher é um bicho muito ruim, muito do safado. Por exemplo, o senhor sabia que no frio a mulher sente mais vontade sexual?
EU (cada vez mais interesssado MESMO)
- É?
- Pois é. Eu tenho uma enciclopédia de sexo lá em casa, que é velha, mas é boa viu (O HOMEM ERA UM ENCICLOPEDISTA, TAL QUAL DIDEROT E VOLTAIRE), que diz exatamente isso. A mulher, no frio, fica com mais desejo sexual do que no calor.
EU (tentando estimular o debate científico):
- Deve ser para ficar mais agasalhada, não? Um instinto animal
- Uma vez eu até perguntei isso pr´uma puta qui eu cumia. Era mulher dum amigo meu, um corno.
EU :
- Ah, ela era mulher do seu amigo? E ele era corno, é?
- Era muito corno. E eu perguntei uma vez prá ela: "Delza, você, no frio, quer dar mais?". Ela me disse que: "ó, no frio, no calor, na chuva, no tempo seco, eu sempre quero é dar. eu quero é dar muito, dar sempre", ela me disse, a Delza, aquela puta.
EU:
- E ela era mulher do seu amigo?
- Era meu amigo. Era um homem muito bom, muito querido, um rapaz bonito, eu tinha muito carinho por ele, que Deus o tenha; e ela também, coitada, já morreu. Mas era um homem muito bom. E muito corno. Era corno. A mulher dele dava prá todo mundo. Eu comi muito, até me fartar.
EU:
- O senhor encosta naquela esquina ali por favor?
Ele encosta, eu pago, e na saída, ele se despede:
- Eu espero que a minha conversa não tenha lhe aborrecido.
EU
- Meu amigo, a sua conversa foi a melhor que eu ouvi nesse fim de semana.