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quarta-feira, novembro 05, 2008

MANCHETES DO FUTURO

Obama: presença dos EUA no Iraque será indefinida"

"Para conter a crise, Obama promete a produtores de etanol dos EUA barreiras a álcool brasileiro"

"Obama a Ahmadinejad: o tempo dos países terroristas passou"

"Obama nega perdão a negro condenado à morte: 'não favorecerei ninguém por causa da cor da pele'"

"Estagiárias acusam Obama de promover orgias na Casa Branca"

"Obama lança programa de estudo de letras de rap nas escolas americanas"

"Obama aprova o envio de mais 100 mil fuzileiros ao Afeganistão e alerta o Paquistão"

"Obama, na despedida às tropas que invadirão o chifre da África: 'ouvi o clamor de ajuda, ó meus ancestrais'"

"Obama a Raúl: 'com a morte do seu irmão, as coisas mudarão, de uma maneira ou outra'"

"Porta-aviões americanos bloqueiam portos venezuelanos para impedir envio de mantimentos a Cuba"

"Obama veta casamento gay: 'pela minha própria história, sei a importância de uma família estruturada'"

"Obama se confunde e diz que capital do Brasil é Bagdá"

"Formado em Harvard, Obama impressionado com os 'modos rudes' de presidente brasileiro, dizem assessores"

Obama condena Evolucionismo: "Eu acredito num Deus criador"

Obama quer erguer muro em toda a extensão da fronteira com o México

Obama retoma projeto "Guerra das Estrelas"

Governo Obama aumenta exigências para viajantes brasileiros em aeroportos americanos.

Obama recusa acordo de limitação de emissão de gases tóxicos: "os EUA não empobrecerão para compensar a poluição chinesa".

segunda-feira, outubro 20, 2008

Um sábio na noite

Geralmente eu não dou mole. Mas não pude deixar de prestar atenção, E incentivar, a conversa de um taxista que peguei ontem à noite, indo da minha casa prá Ipanema. Em dado momento, na Lagoa, indo por Cantagalo, ele vê um carro mudar de pista bruscamente, no meio da chuva, e começa, numa voz bem grossa, rouca, parecendo que falava enquanto faz força na privada, um sotaque bem nordestino:
- O senhor vê, as pessoas em dia de chuva viram bicho no trânsito. Hoje só tem bicho dirigindo. Eu vou é prá casa.
Eu:
- É verdade, as pessoas estão muito mal-educadas.
- Especialmente as mulher. As mulhé fazem cada coisa na rua que Deus que me livre. Em dia de chuva, eu tenho mais medo de mulher dirigindo do que o capeta.
Eu (pensando "vamos ver onde vamos parar")
- O senhor tem razão. Elas estão muito mal-educadas.
- Mas isso não é culpa delas não; é culpa sabe do quê?
Eu
- Do quê?
- É dos homens. Hoje só tem frouxo e viado. Num tem mais homem, tá proibido ser homem. Os macho que essa mulhé arruma é tudo frouxo e viado. Aí elas vão prá rua achando que todo mundo é frouxo que nem o macho que elas têm em casa.
EU (pensando que, de certa forma, alguma razão ele tinha, mas estimulando para teorizar mais tarde)
- É verdade. Essas mulheres ficam querendo, querendo, e os homens ficam preocupados em ceder, para agradar, porque é bonito, e dá nisso
- É a mais pura verdade, meu senhor. E mulher é um bicho muito ruim, muito do safado. Por exemplo, o senhor sabia que no frio a mulher sente mais vontade sexual?
EU (cada vez mais interesssado MESMO)
- É?
- Pois é. Eu tenho uma enciclopédia de sexo lá em casa, que é velha, mas é boa viu (O HOMEM ERA UM ENCICLOPEDISTA, TAL QUAL DIDEROT E VOLTAIRE), que diz exatamente isso. A mulher, no frio, fica com mais desejo sexual do que no calor.
EU (tentando estimular o debate científico):
- Deve ser para ficar mais agasalhada, não? Um instinto animal
- Uma vez eu até perguntei isso pr´uma puta qui eu cumia. Era mulher dum amigo meu, um corno.
EU :
- Ah, ela era mulher do seu amigo? E ele era corno, é?
- Era muito corno. E eu perguntei uma vez prá ela: "Delza, você, no frio, quer dar mais?". Ela me disse que: "ó, no frio, no calor, na chuva, no tempo seco, eu sempre quero é dar. eu quero é dar muito, dar sempre", ela me disse, a Delza, aquela puta.
EU:
- E ela era mulher do seu amigo?
- Era meu amigo. Era um homem muito bom, muito querido, um rapaz bonito, eu tinha muito carinho por ele, que Deus o tenha; e ela também, coitada, já morreu. Mas era um homem muito bom. E muito corno. Era corno. A mulher dele dava prá todo mundo. Eu comi muito, até me fartar.
EU:
- O senhor encosta naquela esquina ali por favor?
Ele encosta, eu pago, e na saída, ele se despede:
- Eu espero que a minha conversa não tenha lhe aborrecido.
EU
- Meu amigo, a sua conversa foi a melhor que eu ouvi nesse fim de semana.

segunda-feira, agosto 25, 2008

A grande literatura brasileira

Por falar em literatura, enfim algo realmente bem escrito por brasileiros na atualidade: notas de suicídio. Numa página da internet, tem uma série deles. Eu podia passar o link, mas é melhor copiar logo o texto todo abaixo. Tem escritor juvenil que se mataria (mesmo), ou, ao menos, faria uma cirurgia para remover uma tatuagem, ou ficaria dois dias sem beber cerveja ruim (o que para eles é quase um suicídio) para conseguir este nível de concisão, dramaticidade e profundidade. Mas seguem os bilhetes suicidas

Bilhetes suicidas
Os bilhetes estão reproduzidos abaixo, com nomes fictícios, ordenados por idades e separados pelos gêneros masculino e feminino. Na análise, visando facilitar localizá-los rapidamente, sempre que quiser ou se fizer necessário, após a citação de cada parte dos bilhetes serão citados entre parênteses o sexo (M = Masculino e F = Feminino) e a idade de quem os escreveu. Os outros dados - cor, meio, forma da mensagem e observações - estão colocados de acordo com as indicações do perito e foram mantidos, ainda que estejam imprecisos, porque mesmo assim podem auxiliar na análise.
Na tentativa de analisar os conteúdos dos bilhetes, foi testado o método de agrupar as palavras em unidades de núcleos de pensamento ou significação. Inicialmente, analisou-se uma carta de um jovem suicida reproduzida no livro "Meu pai me matou" de autoria do psiquiatra Haim Grunspun. O método se mostrou fecundo encontrando como núcleo de pensamento a palavra vida, aumentando a dúvida levantada pelo autor a respeito de se tratar de suicídio ou assassinato. Entretanto, a posteriori, a técnica se apresentou limitadora na análise dos bilhetes coletados para este estudo porque há bilhetes curtos, sem significados claros, sem repetições de palavras ou idéias, dificultando que se estabeleça os núcleos de pensamento do discurso. Optou-se, então, em construir uma estratégia de análise para captar as riquezas e as complexidades das mensagens, registrando o que é comum, o que é insólito, o que é peculiar e o que é contraditório, sem perder o objetivo de que o suicidado procura através de seu ato comunicar-se com a sociedade.
Assim, foram feitas, passo a passo, diferentes análises: análise das palavras utilizadas pelo suicidado para se referir ao suicídio, análise por categorias temáticas emergentes (atividade, metamorfose, família, religião, Estado, sentimentos, etc), análise do interlocutor (suicidado escreveu para pessoa da família, autoridades políticas ou religiosas, etc) e análise das intenções do suicidado (despedida, acusação, conforto, testamento, etc); sempre procurando privilegiar os sentimentos e a inserção social, reconhecendo que as reflexões estão limitadas pelas teorias que as orientam.
As fotos foram analisadas para se obter dados sobre a preparação (roupa, local, higiene corporal, etc) e a maneira como ocorreu o suicídio, o porquê do uso de determinado meio destrutivo e, mesmo, gestos fixados na imobilidade do corpo. Por exemplo, analisando a foto de um jovem, foi possível perceber, auxiliado pelo relato do perito, que ele teve o cuidado de enfaixar o rosto para não deformá-lo com o tiro de revólver. Seria isto uma demonstração de vaidade? Era necessário deixar o corpo comunicando sua beleza para o mundo dos vivos? Será que pensava em retornar ao mundo dos vivos?
A intenção é conseguir, qualitativamente, inferir uma realidade além da realidade aparente, produzindo uma síntese de como esta realidade se apresenta e, a partir daí, inferir como foi vivida pelo suicidado, o qual se manifestou através de representações sociais. O pressuposto aqui é tentar captar a representação social através das fotografias e dos conteúdos das mensagens dos suicidados, manifestações espontâneas escritas por estes em algum momento de suas vidas e não, necessariamente, nos últimos minutos ou dias que precedem seu gesto. A idéia é que as mensagens escritas constituem-se, por si mesmas, claras expressões de suas vontades em se comunicarem juntamente com as linguagens corporal e espacial. O conjunto de ações da pessoa são mensagens objetivas visando perpetuá-la nos seus semelhantes através das emoções. O suicídio é um gesto de comunicação que transcende o conteúdo dos bilhetes:

Sexo, Idade : F, 20 Cor : Parda Meio: Tiro na cabeça Forma de mensagem: manuscrito a tinta esferográfica azul "São Paulo 18 de julho de l988 Edu estou deixando esta carta para mostrar a você o que sinto e o que estou sentindo. Edu são 2:15 hs da madrugada não consegui dormir um minuto se quer esta tudo doendo dentro de mim só em pensar que ti perdi de verdade. Du porque você fingiu, porque você mentiu para mim este tempo todo. Du não estou agüentando mais, está sendo duro resistir esta dor tão grande que estou sentindo dentro de mim e por viver assim preferi morrer. Edu quando lembrar-se de mim lembre-se que ti amei e amei de verdade"
Sexo, Idade : F, 22 Cor : branca Meio : precipitação em queda livre Forma de mensagem: manuscrito Obs: modelo
"Carlos Eu precisava tanto falar contigo, pena, você não deixou. Vou morrer te amando. Eu te amo loucamente. Tudo o que fiz de errado, foi uma necessidade de estar com você outra vez. Você não quiz me ouvir. Agora será impossível me ouvir outra vez. Eu te amo. Se tomei esta iniciativa foi simplesmente pelo fato de saber que nunca mais o teria de volta. Por mim, peça desculpas à minha mãe. Diga a ela que eu a amo muito também porém não encontrei mais nenhuma existência para mim. Eu te amo, tudo o que fiz foi porque o amava demais. Tentei explicar isto à minha mãe: não se preocupe, será impossível te ligar outra vez. (assinatura) Eu, Márcia, dou meus olhos, meus cabelos e meu sangue a quem precisar. Juro estar dizendo a verdade, perante todos e a Deus. (assinatura) Sem ele não viver mais. (assinatura)"
Sexo, Idade : F, 27 Cor : (descendente de orientais) Meio : projétil de arma de fogo Forma de mensagem : carta manuscrita a tinta azul "A quem possa interessar: Grande parte do que possuía foi vendida ou doada. O que resta, é minha vontade que seja entregue ao meu amigo João; o qual poderá dar a meus pertences o destino que lhe aprouver. Nada deverá ser entregue a qualquer parente meu. Quanto aos meus restos mortais, suplico encarecidamente; não o torturem com choros, rezas ou velas. É apenas a minha matéria e imploro que a deixem degradando-se em paz. A putrefação não é degradante. Se a humanidade permitisse que a natureza tomasse o seu curso, seria o renascimento da matéria. Eu renasceria no vento que passa a murmurar, nas folhas que farfalham, no solo que abriga e alimenta milhares de seres vivos, na água que corre para o mar nas chuvas que regam os campos, no orvalho que cintila ao luar, nas grandes árvores que abrigam ninhos de passarinhos e que vergam a passagem dos ventos fortes, nos pequenos arbustos que escondem a caça do caçador... Céus! Eu me vingaria se apenas uma de minhas partículas participasse do desabrochar de uma flor ou do canto de um pássaro. Romântico? Não! Foi o mundo, minha família, meu educador mas principalmente... foi o seio que aconchegou a criança que vinha lhe contar as suas tristezas, máguas, alegrias, pensamentos, e seus desejos íntimos... suas esperanças. A criança crescida quer voltar para lhe contar seus sofrimentos, desilusões, a morte de suas esperanças... para encontrar novamente o aconchego onde poderá descansar sua cabeça cansada e abatida e onde poderá, enfim, chorar as suas lágrimas que não encontram onde chorar. Volto derrotada porque não fui capaz de viver, trabalhar e estudar não foram suficientes para mim. E foi tudo o que me restou. Prefiro morrer do que viver com a morte dentro de mim. Perdoem-me ..., ..., ..., "
Sexo, Idade : F, 30 Cor : parda Meio : enforcamento Forma da mensagem : manuscrito a tinta esferográfica azul Obs: deixou dois filhos
"Adeus para todos vocês Angela"
Sexo/Idade : F, 40 Cor : branca Meio : vários tiros no marido e um na própria cabeça Forma da mensagem: manuscrito a tinta esferográfica
"Matei porque não agüentava mais. Estou cansada e não vou deixar ele para ninguém não será meu más também não será de Claudete. Carlos o documento está assinado na frasquera é só você passa o carro para o seu nome té Adeus. Maria
Amo vocés mas estou morrendo aos pouco desde o dia que encontrei aquela mulher com ele no carro."
Sexo/Idade : F, 60 Cor : branca Meio : ingestão de inseticida e gás liquefeito de petróleo Forma da mensagem : bilhete manuscrito com esferográfica azul
"Sofro demais, não aguento. Querida Joana não entre só: não choquem Antônio e Maria"
Sexo/Idade : F, 64 Cor : branca Meio : tiro Forma da mensagem : manuscrito a tinta esferográfica azul Obs: pessoa de posses, estrangeira
"Eu, Josefa, peço desculpas devido as minhas depressões nervosas pelo meu ato, tomado por mim mesma. Peço às autoridades de não divulgar meu caso, que é uma decisão minha para meu descanso eterno, é meu desejo. Deus abençoe esta terra maravilhosa que é o Brasil. ‘Amem’ "
Sexo/Idade : M, l5 Cor : (descendente de orientais) Meio: tiro Forma da mensagem : bilhete feito com tinta "guache" vermelha Obs : suas vestes se compunham de uma jaqueta azul com as mangas cortadas, camiseta fantasia, rasgada na parte inferior, calça rasgada na altura dos joelhos, cuecas de malha e, com adornos, uma corrente com cadeado no pescoço, uma medalha e um parafuso na lapela. Os pés calçavam botinas. "Punk"
" "Mãe - eu não quero ser mais uma ovelha desse sistema (me faça um favor de me enterrar como estou) "
Sexo/Idade : M, 20 Cor : (traços orientais) Meio : ingestão de formicida Forma da mensagem : manuscrito a tinta esferográfica
"São Paulo, 3 de janeiro de l988
Marisa
As palavras são as mesmas os motivos são os mesmos. Se lembra quando você me disse que eu sabia que você não gostava de mim e eu disse que não tinha certeza. Agora você diz que não sofre, mas eu sinto isto. E vou confiar no meu palpite. Não quero que sofra mais. Não sou um vencedor como você disse, pois minha única vitória é sua felicidade. Faço isso pensando em mim, pois assim finalmente descanso. Faço isso pensando nos outros, pois assim paro de perturbar os outros. Assim creio agradar gregos e troianos. Te amo muito. Cuide-se. Seja feliz. (assinatura)
Favor avisar as seguintes pessoas: a) .............. Fone ........... b) .............. Fone ........... c) .............. Fone ........... d) .............. Fone ...........
Sexo/Idade : M, 22 Cor : branca Meio : ingestão de veneno Forma da mensagem : escrito
"Essa atitude foi muito bem analisada e achei que a hora era essa. Não chorem por mim... Deus é grandioso; eu espero poder ajoelhar-me em seus pés no dia do juízo final, pois sei que só assim serei perdoado e reintegrado com os meus. Eu estou feliz, não chorem. Tudo será mais belo. Meus dias neste planeta chegaram ao fim. Estou contente. Mãe eu te amo Eu amo todos vocês Não chorem (assinatura) " ------------------------------ "Rosemir você deve telefonar ............... Fone ......... (vizinha) Fone ......... ............... Fone ......... Obrigado (assinatura) Eu possuo estes bens: Cadern. Poupança n. ........... dia (3) saldo ........ Cadern. Poupança n. ........... dia (l4) saldo ........ Cadern. Poupança n. ........... dia (3) saldo ........ O cheque n. ....... deve ser usado para cobrir parte das despesas, sendo que o restante deve sair das cadernetas de poupança (assinatura)" ------------------------------ "Veneno Cuidado" ------------------------------ "Música de Bach (Tocata e Fuga em R maior) esta é a música do Chevrolet (opala)"
Sexo/Idade : M, 27 Cor : branca Meio :precipitação em queda livre Forma da mensagem: manuscrito com tinta esferográfica azul na contracapa do livro "Sentinelas da Alma" da autoria de Francisco Cândido Xavier "Querida Carla Estou certo que encontrei em você um mundo cheio de luz e fraternidade humana. Sou como você mesmo disse, um espírito em evolução necessitando de tudo isso. Ao seu lado, estou certo que caminharei paralelamente à vida, a alegria que transbordou tanto em você. Um grande beijo. (assinatura)"
Sexo/Idade : M, 28 Cor : branca Meio : tiro no ouvido Forma da mensagem: manuscrito a tinta esferográfica azul "Sei que quando você ler este bilhete achará loucura o que está acontecendo, mas tudo é a síntese de uma árdua e solitária era para o ser humano. Tentei transmitir amor, paz, compreensão, amizade, para um mundo que já se esqueceu de tudo isso. Sei que todos acharão covardia minha ter procurado a morte, porém não acho que desapareci e sim tento passar para um outro plano, talvez um lugar em que eu me encontre e não me sinta tão deslocado. Não estou louco e sim decepcionado com a vida e outras pessoas. Quero que todos saibam que ninguém é culpado de ter tomador esta decisão fiz com consciência nas conseqüências. A você José um forte abraço e obrigado por ser uma pessoa incrível. Logo todos se esquecerão de mim, portanto, não quero velório, flores, choro, mas sim uma cremação pura e simples e que minhas cinzas sejam jogadas em alto mar, pois não quero deixar marcas em um mundo que nunca me notou. Chega de palavras, pois estas também irão se perder com o tempo. Adeus (assinatura)
P.S. desculpe os erros de português. Deixo para minha filha todos os meus pertences para que ela tenha sempre lembrança do pai que sempre a amou e que mesmo longe materialmente estará sempre ao seu lado espiritualmente Cuidado, a arma é automática e pode disparar sem mais ou menos. (assinatura)
Sexo/Idade : M, 33 Cor : parda Meio : facada no peito (ferimento perfuro-inciso) e, em seguida, enforcou-se Forma da mensagem : manuscrito a tinta esferográfica ------------------------------- "Isto é para Rodrigo todas as minhas ferramentas." ----------------------------- "Creusa isto é para você e o meu amor primo." (frente da folha) "Creuza você foi a mulher que me fez perder a minha família. Você não me deu o que eu quiz então eu lhe dou a minha vida. Assinado: o dia D. vida D. amor D. passeio D. fim." (verso da folha) ------------------------------ "Esta faca em meu corpo é para ser entregue a Doralice para cortar esta língua felina que também destruiu o meu casamento Amém (assinatura) (manuscrito colado na faca) ------------------------------- "Para Giane Deus te abençoe Es a minha bênção feliz praia pelo resto de tua vida Amém. ------------------------------ "Isto é para João (assinatura)" (manuscrito preso a uma tv) ------------------------------ "Testamento: Minha mãe, você fez de tudo e conseguiu. Maria me de estudo para Rodrigo e tenha a tutela dele (assinatura) A minha parte na casa é de Rodrigo e uso e frutos de Creuza, Giane e Wanderlei portanto não deve ser vendida até os 21 anos de Rodrigo. Creuza o que eu mais queria na minha vida era filhos e você me tirou este prazer de um homem. Então para que ser homem Amém (assinatura)" ------------------------------ "Favor entregar, na garagem onde trabalhava, para os porteiros (assinatura)" (manuscrito sobre uma capa plástica amarela disposta em cima do fogão e sob uma fita cassete) ------------------------------ "Creuza tenho fé em Deus que volto para te buscar? Você e os filhos Amém minhas férias para que nenhum filho da puta tire barato deles Amém."
Sexo/Idade : M, 35 Cor : branca Meio : ingestão de veneno Forma da mensagem : Obs : veterinário
"Sei que estou tendo uma atitude um tanto egoísta depois de tanto me ajudarem o único que não consegue se ajudar sou eu, sempre levei uma vida desarranjada sem zelo e amor por aquilo que fazia, chegou um momento que não consigo tocar mais a vida passei a ser um dependente e isso agora me incomoda, me perdoem vocês foram tão bons para comigo em especial o Alberto, Worer (?) e Lui que me falaram tantas palavras de carinho. No momento me sinto incapaz de conseguir desempenhar qualquer coisa só me passa pela cabeça esta idéia de morte fixa coisa que na clínica se tornou mais sólida. Deus aprendi que ele existe, sei que segundo a crença a gente sofre por aquilo que fez de errado vou pagar por isto. Nunca soube me dar e receber afetividade sou um tapado não consigo aprender fácil as coisas."
Sexo/Idade : M, 53 Cor : branca Meio : ingestão de formicida Forma da mensagem : manuscrito a tinta azul Obs : suicídio em um hotel de baixa condição financeira
"Por favôr Avissem o Deputado Dr. Raul. Ele tomará as providências para avisar em São João da Boa Vista. Assim, não ficarão esperando que eu apareça por lá, um dia qualquer. Obrigado e desculpem os transtornos. (assinatura)"
Sexo/Idade : M, 56 Cor : branca Meio : disparo de arma de fogo Forma da mensagem : datilografada Obs: carcereiro
"Dr. ou Dra. 1- Eu era alcoólatra 2- Fui internado três vezes 3- Estou em tratamento no serviço de Psiquiatria há sete anos. 4- Porem fazem cinco anos que eu parei de beber, não bebo bebida alcoólica nenhuma, mas nem cerveja. 5- Eu vinha bem durante esse tempo (os cinco anos) estava tomando o haldol e o fenergan. 6- Mas o ano passado (agosto ou setembro) tive uma pequena recaída, andava um pouco nervoso, dormindo pouco e tremia um pouco as mãos. 7- A médica trocou os remédios o haldol e o fenergan para o neozine de 100, mas o neozine de 100 me dá um pouco de sono há mais. 8- Agora eu tive esta recaída, mas não foi por causa da bebida, porque realmente fazem cinco anos que eu não bebo nada mesmo."
Obs: Este texto foi extraído de:
SUICÍDIO - TRAMA DA COMUNICAÇÃO
Dissertação de Mestrado, 1992, Psicologia Social, PUC-SP
Autor: Marcimedes Martins da Silva

umbigada

"Nome próprio", com Leandra Leal, baseado nos escritos de Clara Aberbuck, é meio lento, e o Ministério da Cultura devia instituir um prêmio de incentivo ao roteiro sem palavrão gratuito, para ver se melhora o nível dos scripts dos filmes nacionais em geral. Mas é interessante. Mas não pelos motivos que o diretor talvez queira que achemos interessante.
A protagonista, em pleno ano 2001, continua lendo a mesma sub-literatura que era a moda nos anos 80 - Kerouac, Bukowski, etc.; adoro todos, mas estáo para os escritores de verdade, que te ensinem como escrever e mesmo como pensar, como o América está para o Barcelona. E a personagem baseada nela é a famosa chave de cadeia. Mala, agressiva, faz muchochinho de criança, chantagem emocional - ou seja, uma criança mimada à beira de um surto. E se acha muito "interessante" e "intensa" por isso, e o filme quer que achemos o mesmo!
Num momento em que parece que a figura vai soltar um ótimo monólogo, uma reflexão shakespeariana sobre sua vida... ele vem na forma do desabafo "merda! merda! merda!". Aparentemente, nossa literatura e nosso cinema não consegue uma digressão mais interessante... a falta de capacidade de expressão, de derivação de algum pensamento mais original em cima dos fatos que a moça vive, é demonstrada pelos textos sub-Clarice Lispector dela, de "muita expressão", "muita intensidade", com a personagem bebendo, fumando, derramando dramaticamente cinzas no meio do teclado do computador etc. Mas é tudo um monólogo bem limitado, que não vai muito além do próprio umbigo.
Tem um bom momento de autocrítica quando ela vai morar com um fã do blog dela e o que se vê é que o cara é um nerdaço. Esse é o público alvo que ela gostaria, será? parece que achei o filme horrível. Mas não achei não. Achei interessante. Porque, na verdade, e isso é assustador, ele espelha muita, mas muita gente que eu conheço hoje em dia.
Ah, sim, há um erro de lógica gravíssimo no filme: um sujeito que a come, ou ela come ele, sei lá, pede uma caipirinha de lima da pérsia. É impossível que em algum lugar deste planeta em que habitamos exista um sujeito que goste de buceta e de caipirinha de lima da pérsia, ao mesmo tempo. Ou é um, ou é outro. A vida é feita de escolhas.

segunda-feira, junho 02, 2008

Sofrimento inútil

Bem, então uma equipe do jornal O Dia foi torturada por milicianos na Zona Oeste, quando tentava fazer uma reportagem sobre como as milícias dominam a Zona Oeste. Para além da crueldade evidente do fato, choca a evidente inutilidade da reportagem: para quÊ arriscar a vida de três pessoas que, se tivessem conseguido fazer seu trabalho sem terem sido descobertos, teriam apenas relatado o que todo mundo já sabe, ou seja, que milícias dominam favelas no Rio? Para quem isso seria novidade? Para quem não viu a novela do Juvenal Antena? Eu não vi e também sabia, pombas.

segunda-feira, maio 26, 2008

As veias literárias entupidas da América Latina

"O grande líder se foi nos braços de suas companheiras e rodeado por sua guarda pessoal e de todas as unidades que cuidavam de sua segurança, depois de um breve período de doença". Foi assim que as Farc confirmaram a morte de Tirofijo, Manuel Marulanda, seu líder supremo e fundados. E o que eu pensei quando li o comunicado no jornal foi: o problema da América Latina não é o capitalismo, o imperialismo, a má distribuição de renda, a proximidade com os Estados Unidos. É o sentimentalismo na hora de escrever.
Tudo no comunicado cheira a romantismo de anotação de adolescente do interior do Espírito Santo no dia posterior ao seu primeiro beijo, na festa do Tomate e da Uva no Galpão Municipal. Nada é chamado pelo nome certo. Tudo tem um adorno, um floreio, um exagero. Em vez de "líder", é o "GRANDE líder", afinal de contas, ele não era um líder qualquer - como se houvesse, aliás, líderes "quaisquer", gente banal com capacidade de liderança (o fato de o sujeito ser um assassino inútil não vem ao caso). E ele não se foi desesperançado, sozinho, se cagando, mijando e tossindo, como as pessoas normais morrem não. Foi-se "nos braços de suas companheiras e roedado por sua guarda pessoal e de TODAS as unidades que cuidavam da sua segurança, após um BREVE período de doença". Afinal de contas, se o cara é um grande líder, tem de ser um grande comedor também, porque sabe como é, como latino é ruim de cama, tem de dizer a toda hora que é o contrário, para tentar se convencer disso, e aos outros. Por isso o verso de bolero "nos braços de suas companheiras". É isso aê, mermão, tou morrendo mas tô pegando. Na verdade, as Farc pegam mulheres à força para estuprá-las continuamente, e se companheiras havia ao lado do lamentável moribundo, deviam ser prisioneiras forçadas. E ele também estava ao lado de sua "guarda pessoal", como se fosse um imperador romano, um sátrapa, e "de todas as suas unidades". Toda essa fantasia de Clóvis Bornay em estilo de press-release é para dizer que o sujeito morreu escondido num acampamento. E após um período dee "breve doença". Só falta dizer que ascendeu aos céus que nem a Virgem Maria.
Mas, enfim, foi-se, vai queimar num buraco bem fundo do inferno. O problema é que morre o homem, mas fica o estilo. E essa incapacidade de querermos chamar a coisa pelo nome certo, de olharmos com racionalidade e calma para a nossa realidade, nos fode mais do que as Farc com as adolescentes pobres que eles raptam na base do fuzil.

sábado, maio 24, 2008

Por uns trinta dinheiros a mais

A National Geographic fez um bocado de estardalhaço com o Evangelho de Judas, pergaminho descoberto nos anos 70 cuja tradução foi bancada pela revista e, em 2006, eles disseram, trazia uma interpretação diferente dos evangelhos que fazem parte do Novo Testamento. Neles, Judas era um cara legal, o mais fiel e mais inteligente dos discípulos de Jesus Cristo. Maneiro. Ótima história. Vai de encontro à nossa vontade de espezinhar e futucar a Igreja Católica por crimes cometidos em séculos passados, por ficar nos lembrando que nossos atos têm consequências. Existe instituição melhor para chutar do que uma que já teve muito poder de coerção e não tem mais algum? Se fizermos charges anti-islâmicas, corremos o risco de ter nossa garganta cortada. Esse risco não existe com Bento XVI, vamos chamá-lo de "reacionário", então.
Pois bem, uma professora de estudos bíblicos chamada April DeConick descobriu que no Evangelho de Judas, Judas é Judas mesmo. Ou seja, ele é o cara mau da história. Erros de tradução fizeram com que quando ele fosse citado como o "décimo-terceiro demônio", saísse "décimo-terceiro espírito". Foram erros que April catou antes mesmo de ler o original do Evangelho em copta - bastou olhar a tradução em inglês para ver que tinha alguma coisa errada. Por que April sacou e a vasta equipe contratada pela revista, muitos dos quais eram amigos dela, e tão bons quanto ela no ofício, não? Bem... como Judas, a revista e os especialistas também foram tentados pelo dinheiro, segundo o artigo da "Chronicle of a Higher Education" (o link a ele está no título)

quarta-feira, maio 21, 2008

"Alteridade" no cu dos outros é refresco

Sensacional. Em Cannes, Spike Lee chamou Clint Eastwood de racista porque nos dois filmes que ele fez sobre Iwo Jima, não tinha um negro. Não importa que um dos dois filmes assumisse o ponto de vista do inimigo japonês - isso não vale como prova de tolerância com os diferentes, tinha de ter um negro. Não importa que no filme americano, se mostrasse a decadência psíquica do soldado indígena, tão ou mais valoroso do que os outros, mas que se sente deslocado, deixado de lado, depois de ter arriscado o pescoço pelo seu país, por ser índio - denúncia de preconceito racial só vale se a vítima for um negro. Se ele topasse estudar um pouco de história, até para aprender um pouco sobre a luta dos negros americanos para conquistar seus direitos civis, saberia que na II Guerra, o exército americano ainda era bastante preconceituoso contra os negros, e por isso raramente eles eram mandados para a linha de frente.

Grandes mistérios da Humanidade contemporâneos

Por que os estilistas e jornalistas especializados em moda se vestem como cabideiros de casas de swing, e os jornalistas esportivos são todos fora de forma?

segunda-feira, maio 19, 2008

Esquadrão resgate

Fala-se em "resgatar 68", como se 1968 fosse um filho de empresário do interior de São Paulo. E tome a ouvir os mesmos para dizer as mesmas coisas - o sonho, a vida, a luta, os ideais, o povo nas ruas, o rock, o sonho... por que ninguém segue um pouco além? Ferreira Gullar deu entrevista com um bom ponto de vista: 68 foi um fracasso artisticamente, baixou o nível cultural, e a contracultura foi apropriada pela indústria de consumo, que cada vez piora mais o nível mental de sua platéia.
Para uma análise mais detalhada, é bom tentar achar em algum sebo O declínio do mundo ocidental, título em português dado pela editora Globo à mais conhecida obra de um filósofo "neoconservador" americano, Allan Bloom. O original é "O fechamento da mente americana". Bloom escreveu isso para ser um livrinho sobre educação para ser lido por seus pares, 400 pessoas, no máximo. Foi O sucesso do ano em que foi lançado, 1987. Por que? Ele diz basicamente o seguinte: o relativismo cultural disseminado nas universidades americanas a partir de 68, em que as lendas swahilis passaram a ser tão importantes quanto Tolstói, e aqueles gregos todos passaram a ser "coisa de macho branco", só serviu para tornar os jovens desprovidos de valores. E o problema de ser desprovido de valores não é que você sai dando rasgado ou se entrega às drogas, para usar clichês de Jornal Nacional (Bloom era gay e morreu de aids, por falar nisso). É que você se torna chato. Você deixa de dar um significado maior à sua vida, e se torna igual a qualquer um, a qualquer coisa. Ele dizia que os alunos dele, na década de 80, eram nice - mas nada além disso. Não tinham angústias maiores, desejos maiores, curiosidade maior. Ou seja, 68 pavimentou o caminho do conformismo, e não o contrário.

"Obra em progresso", de Caetano Veloso

Gostei de ter ido e visto. Agora, se é para resumir... acho que assisti a uma Missa Fúnebre da "Geração de 68". Do lado do palco, o que tínhamos era um velhote vestido de presidiário (calça cáqui e camiseta branca) que parecia uma imitação do Caetano feita pelo Chico Anysio - mas era o próprio Caetano Veloso! Visivelmente de saco cheio, fazendo músicas de harmonia cada vez mais primárias para faturar uns trocos, ele entala nelas versos que não cabem na melodia, como se estivesse sentando em cima de uma mala excessivamente abarrotada de roupas e sapatos. A primeira música era algo como
"Subiu
Partiu
Abriu
Sumiu
Nem viu"
Fiquei pensando, à la Maysa: "por que não rimar... 'puta que me pariu'?"
Do lado da platéia, você vê que a geração formada pelos "ideais de 68" - seja lá quais forem - simplesmente abdicou do direito de pensar. Um bando de quarentões e cinqüentões babando como fãs do RBD para qualquer merda que o Caetano falava, devidamente acompanhados de segundas ou terceiras esposas trinta anos mais jovens. Eu me sentia na claque do 'Zorra Total': qualquer coisa que Caetano falasse provocava um mar de gargalhadas. A pior foi quando ele disse "vocês saaabeeeem... que 'ni'... que a geeeeente aquiiiii usaaaa como eeeeeem... na Nigéééééria significa eeeeeeem!!!". A platéia vem abaixo, delírio no Maraca: Caetano Veloso descobriu que existe influência africana na nossa língua!!! Ele acha o quê, que "bunda" vem do latim, porra?
Ah sim, a banda é uma merda. Todos meninos bonitos, com cara de quem não tomam banho e usam roupas de grife tiradas da boca da vaca, o que pega muito bem hoje. Mas não tocam porra nenhuma.

domingo, maio 18, 2008

Li aí umas "críticas" negativas a "O melhor amigo da noiva", comédia romântica que estrelada por Patrick Dempsey, ex-intérprete de nerds de comédias adolescentes dos anos 80. Li que foi considerado clichê, previsível, etc. Bem, vi o filme. É uma comédia romântica. Então, tem todos os elementos de uma comédia romântica. O mocinho é bonito, a mocinha idem. Tem o momento "clip", com música romântica. Tem imagens sensacionais de Nova York, e a fotografia é impecável. Tem piadas com "timing". E mais ou menos sabemos como isso vai terminar. MAS dentro destas características imutáveis, o filme faz um comentário muito interessante sobre os hábitos copulatórios de homens e mulheres na virada deste século, dentro de um grupo social afluente, bem-de-vida - o material de que foram feitos os melhores romances de Balzac e as comédias mais engraçadas de Aristófanes.
Você pode achar que o que eu listei acima é clichê. Mas siga meu pensamento.
Filmes de Antonioni - todos têm pessoas que passam muito tempo sem falar uma com as outras, ou falar o mínimo, porque têm problemas de comunicabilidade.
Filmes de Bergman - começam com pessoas deprimidas, que falam durante o filme porque estão deprimidas, e terminam o filme deprimidas.
Filmes de Quentin Tarantino - todos têm algum assassino psicótico que faz um discurso longo com a referência a algum produto barato de consumo de massa - sanduíches ou histórias em quadrinhos - antes de alguma parte de um corpo humano ser separada do resto à base de muito sangue. Alguma música pop esquecida pontua a trilha sonora. Um ator esquecido de Hollywood faz parte do elenco e tem o impulso necessário para recomeçar sua carreira.
Filmes do Woody Allen - começam sempre com letreiros em negrito e jazz pré-II Guerra.
Filmes de Glauber Rocha - Pessoas desdentadas que parecem não ter tomado banho berram polissílabos incompreensíveis parecendo encerrar grandes verdades sobre problemas que não nos interessam. A câmara perde o foco.
Filme do Hitchcock - Sempre aparece um gordinho de terno numa ponta desnecessária.
Filme de Alejandro González Iñarritú - No início, as pessoas choram, porque sofrem. Depois, sofrem, porque choram. Depois, sofrem e choram. E no fim, descobrem que não há nada mais a fazer a não ser chorar e sofrer, mas com muita dignidade.


Agora alguém explica para mim porque as comédias românticas de Hollywood são "clichês" e a repetição destas idéias acima é "traço autoral".

quarta-feira, maio 14, 2008

Crítica de arte para se entender, não para entendidos

Saiu a lista dos finalistas do Turner Prize, o mais prestigiado prêmio para artistas contemporâneos da Grã-Bretanha, do qual o Guardian é um dos patrocinadores, apoiadores, sei lá. Mas mesmo apoiando, patrocinando, o jornal não se furtou a fazer uma análise hilária dos quatro indicados, e da própria linguagem usada no campo das artes plásticas, cotejando o que disseram os curadores da Tate que indicaram estes talentos e o que acharam os críticos de arte do jornal. Depois de apresentar estes novos talentos, é claro

Ficou assim:

Runa Islam - Nascida em Bangladesh, ela agora vive e trabalha em Londres. Ela usa filmes e vídeos e diz ter sido influenciada em seus trabalhos por Ingmar Bergman e Rainer Werner Fassbinder.
Segundo a Tate, "Isla cria filmes coreografados detalhadamente com narrativas em final aberto que são carregadas analítica e emocionalmente".
Segundo o crítico do Guardian, "perto da etiqueta (da obra de arte quando ela foi exposta) havia uma fila perfeita de ganchos de pendurar casacos de latão, fixados em uma tábua pregada na parede, que eu tomei pelo trabalho em si - até ser alertado gentilmente por um curador-estudante para reparar num pequeno sinal de saída, com o quadro de um homem correndo por uma porta. Este era o trabalho"

Mark Leckey. Descrito como um "dândi dos dias modernos", e conhecido por suas exibições combinando escultura, filme e performance, muitos com referências a ícones da cultura poip como os Simpson e Felix o Gato.
A Tate diz: "Com esperteza e originalidade, Leckey continua a descobrir novos gêneros pelos quais comunica seu fascínio pela cultura contemporânea"
Diz o crítico do Guardian: "A coisa toda se torna uma câmera de terapia de aversão, e faz você nunca mais querer um pedaço de bolo Battenburg na sua vida."

Goshka Macuga. Costuma apresentar obras de arte de contemporâneos e outros artistas como parte de suas instalações, e trabalhos em uma variedade de meios.
A Tate diz: "Encenando uma forma de arqueologia cultural, Macuga usa a colaboração de artistas do passado e do presente em um ambiente dramático que sugere novas narrativas e associações"
Diz o crítico do Guardian: "Ela é muito boa em arrumar coisas, porque, essencialmente, é o que ela faz"

Cathy Wilkes. Nascida em Belfast em 1966, vive e trabalha em Glasgow. Seu trabalho é escultural, usando comumente manequinhs de loja
A Tate diz: "Embora rigoroso, altamente carregado com arranjos de objetos banais e materiais, Wilkes desenvolveu um vocabulário articulado e eloquente que toca nas questões da feminilidade e da sexualidade."
Diz o crítico do Guardian: "Ricamente sugestivo, elíptico, e comoventemente brando, o trabalho de Wilkes faz você sentir o tempo, ver o clima, tocar o espaço"

Até que desta última eles aliviaram.