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segunda-feira, janeiro 30, 2006

E tome desenho



Em cima de uma folha de papel pautado.

sábado, janeiro 28, 2006

As crônicas de Nasdijj. Ou, Enterrem meu Simancol na Curva do Rio

Depois de JT Leroy, mais uma fraude literária foi descoberta nos Estados Unidos: em 1999, um artigo na revista Esquire revelou o talento de Nasdijj, que contava a trágica morte de seu filho adotivo aos seis anos, Tommy Nothing Fancy . Nasdijj relatou a maneira dolorosa como o menino morreu por síndrome alcoólica fetal (não sei se o nome é esse, mas a doença seria causado pelo alcoolismo dos pais). O relato dramático projetou Nasdijj para que ele lançasse The Blood Runs Like A River Through My Dreams, The Boy and the Dog Are Sleeping e Geronimo’s Bones: A Memoir of My Brother and Me - todos livros em que Nasdijj expunha ainda mais histórias trágicas sobre sua vida: como foi violado sexualmente pelo pai branco - inclusive na noite em que a mãe morreu. Mãe, aliás, que às vezes era prostituída por ele. Ah, sim, ela também era alcoólatra. “Minha mãe era uma bêbada incurável. Eu usaria a palavra ‘alcoólica’, mas é muito polida. É uma palavra de pessoas brancas. Não há nada de polido em limpar sua mãe do seu vômito e arrastar sua carcaça inconsciente de volta ao trailer de migrante em que você vive.”

Era muita desgraça para um vivente só. Mas ele mantinha sua dignidade, como mostra um de seus livros em que um trecho ensina ao ignorante leitor cara-pálida os saberes alternativos dos navajos para lidar com a morte: "A morte, para o navajo, é como o vento frio que sopra pelo mesa vindo do norte", retumbou Nasdijj, permitindo que vislumbrássemos um pouco da milenar cultura navajo. "Não falamos disso", arremata secamente.

Muito sofrido e muito digno esse Nasdijj. Mas nesta semana que finda, a edição eletrônica da L. A. Weekly trouxe uma reportagem que jogou um pouco de indignidade e ridículo sobre esta trágica saga nativo-americana: ela teria sido escrita na verdade por Timothy Patrick Barrus, que, antes de botar cocar, fez alguma carreira como escritor gay de livros sadomasoquistas. E nesta outra encarnação, capaz de fraudes: Anywhere, Anywhere deu a muitos que o leram a impressão de ser um relato real de um caso de amor entre dois soldados americanos durante a Guerra do Vietnã - só que Barrus nunca botou os pés no Sudeste Asiático. Antes de consolidar sua carreira literária, ele também ajudou uma exposição de fotos sadomasô de um amigo artista plástico... escrevendo uma carta com o nome falso de John Hammond para o jornal da região onde ficava a galeria, para criticar as fotos, chamar o seu autor de doente e pedir a sua censura. Era o lado Maioria Moral do Navajo Violado Sadomasô Gay Veterano do Vietnã.

O fato de Nasdijj só ter desgraça para contar não ativou o simancol dos críticos e da comunidade literária americana; ninguém reparou que era tudo muito conveniente, o pai representante do eurocentrismo falocêntrico que estupra o filho, tal qual os colonizadores brancos fizeram com a América, a mãe bêbada como metáfora dos Povos da Floresta corrompidos pelos maus costumes da civilização ocidental. Isso só serviu para que seu livro The Blood ganhasse resenhas elogiosas no The New York Times, no Washington Post, o prêmio do Salon Book e fosse chamado de, entre outras coisas, "um poderoso clássico americano". Afinal de contas, Manitu nos livre de pôr em dúvida a palavra de um Nativo Americano.
O curioso é que foi uma crítica negativa publicada em um site sobre literatura que fez a L.A. Weekly descobrir o mistério, graças a uma pesquisa em um engenho de busca: combinando o nome do autor da crítica, que dizia ser parente do talento literário pele-vermelha e lamentava que ele não citasse seus antepassados ilustres europeus, com o nome da suposta filha de Nasdijj, Kree, e o nome do próprio escritor, um pesquisador da revista descobriu Barrus - que tem uma filha chamada Kree, atualmente professora em La Paz, na Bolívia. Lição da história? A Internet pode ajudar muito mais em investigações do que parece. Ah, é claro: o autor da resenha negativa só pode ser o próprio Barrus, repetindo o golpe que deu para ajudar a exposição de fotos do amigo, ainda nos longínquos anos 70.
Copiei muita coisa da reportagem que revelou a fraude, mas quem quiser ler mais, é só ir em http://www.laweekly.com/index.php?option=com_lawcontent&task=view&id=12468&Itemid=47.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

um pouco de pornografia...

Um esboço de uma série pornográfica que eu estou com preguiça de iniciar. Foi tirada de uma foto da internet.

... e um pouco de normalidade

mais desenhos

Essa moça que ri foi tirada de uma foto de jornal, ainda durante uma reunião. Parece que eu faço isso e esqueço do que está sendo discutido - mas por incrível que pareça, se eu não fizesse estes desenhos, não conseguiria me concentrar. É uma forma de dispersar meu déficit de atenção natural

desenhos

Outra moça de costas, outra reunião. O cabelo não foi submetido à essa tortura neomedieval do alisamento com formol, então era bem interessante de ser desenhado, com seus fios tortuosos, embaralhados, combinando com os adornos em volta do ombro e do pescoço.

desenhos

Um dos desenhos que faço em reuniões para não me chatear muito. Neste caso, de uma moça de costas. É o jeito de não chamar a atenção dos seus modelos, e dá para se distrair com detalhes dos cabelos e das dobras das roupas

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Liechteinstein

"As ruas estão cheia de água", escreveu o humorista americano Robert Benchley em um telegrama para amigos, logo que chegou à Veneza. Um amigo, que creio não conhecer a frase, mandou esse mail hoje, depois de visitar o Liechtenstein:

Estive em Liechtenstein. Bom lugar para ser um aposentado esquiador. Diante do minúsculo país, me ocorreu mais uma vez que a realidade impõe limites à imaginação.
Por exemplo: é impossível se conceber um road movie passado em Liechtenstein. Nos dez primeiros minutos do filme, o país já acabou.


Mais notícias sobre o Liechtenstein em http://www.news.li/news/

quarta-feira, janeiro 25, 2006

sinopses

Alexandre - refilmagem de "Priscila, a Rainha do Deserto", com o elenco de apoio de malhação.
Gangues de Nova York - Um caolho consegue ser o rei da briga de rua na Nova York no fim do século XIX. Se você quer testar empiricamente a validade desta hipótese, entre numa briga de torcida com um tapa-olho e veja quantos segundos fica acordado.
Machuca - "Meu Pé de Laranja Lima" para socialistas.
Sin City - Fantasia paranóica nerd. Todo nerd acha que, no sábado à noite, enquanto ele participa de campeonatos de RPG ou de chats sobre Guerra nas Estrelas, as colegas de colégio que não percebem sua existência se vestem de couro como as moças da história. Todo nerd gostaria de ser um sujeito durão usando capa de chuva, mesmo que more em Bangu. E o fato de os piores bandidos da história serem um sujeito vestido como nerd que come carne humana e uma variação expressionista do primeiro personagem de sucesso das histórias em quadrinhos, O Yellow Kid, não é por acaso.
King Kong - Fábula alegórica sobre como uma chave de cadeia pode foder a vida de um homem. Pelo que podemos deduzir, Kong sempre dormia no alto daquele morro de onde via o pôr-do-sol. Porque justamente quando a loura está com ele há um ataque de morcegos? Se toda noite tivesse ataque de morcego gigante, ele teria ido dormir em outro lugar, não?
O Jardineiro Fiel - A partir da cena em que Rachel Weiz enfia uma garrafa de um litro de água mineral na bolsa, torcemos pela sua morte. Porque a garrafa de um litro de água mineral na bolsa é um item indispensável da chata moderna. Há de se louvar John Le Carré, que , depois de ter chupado quase completamente "Nosso Homem em Havana" em "O Alfaiate do Panamá", desta vez deu menos na vista no plágio a Graham Greene: quase não dá para reparar que o núcleo da história - um burocrata com um trabalho sem graça envolve-se em problemas políticos por causa do ativismo da mulher - foi chupado de "O Fator Humano".

terça-feira, janeiro 24, 2006

A lenda é real

Uma dupla que pode ser interessante ler: Tim Groseclose, um cientista político da Universidade da Califórnia, e Jeffrey Milyo, um economista da Universidade de Missouri. Com a ajuda de 21 assistenets, os dois passaram dez anos pesquisando o jornalismo nos Estados Unidos, e suas conclusões são de que o mito é real: há realmente uma tendência esquerdizante no jornalismo, pelo menos nos Estados Unidos. A pesquisa foi publicada no Quartely Journal of Economics. Groseclose tinha uma suspeita de que iria chegar a alguma leve tendência esquerdista entre os jornalistas porque pesquisas já mostarvam que a maior parte dos jornalistas tendem a votar em Democratas e não em Republicanos. Mas o resultado o surpreendeu, pela forma pronunciada como esta tendência foi indicada. O trabalho revelo curiosidades como a de apontar o Wall Street Journal, teoricamente conservador, como o mais liberal - isso é de esquerda em americanês - nas suas páginas de noticiário (nas de opinião, com editoriais e artigos, é outra coisa). A CBS, que teve o famoso âncora Dan Rather aposentado meio que às pressas depois que ele publicou uma notícia falsa sobre o serviço militar de Bush, e o New York Times, ficaram em segundo e terceiros lugares no ranking. Groseclose e Milyo agora vão começar a pesquisar tendências políticas nas universidades americanas. O artigo pode ser lido, para quem quer gastar US$ 10, no endereço http://mitpress.mit.edu/catalog/item/default.asp?ttype=6&tid=19148.

sexta-feira, janeiro 06, 2006


Que tal esse saxofonista? Existe também um fracasso por causa deste desenho. Era para "concorrer" a uma caixa de CDs sorteada pela GNT aproveitando o sucesso da série "Jazz", documentários de Ken Burns que eles exibiram. Só que tinha de pôr o slogan da GNT no desenho, e eu não fiz isso... funcionou, anyway. Desenhei o saxofonista em uns cinco minutos, com nanquim. Distorcido, com variações no tracejado, agora que eu olho para ele de novo, gosto muito.