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sábado, outubro 22, 2005


Uma das distrações no meu trabalho é desenhar fotos de jornal que ficam expostos durante uma reunião matinal. Foi de uma destas fotos que eu fiz este desenho da Sally Química. Alguém se lembra dela? O olhar, o rosto que parece querer sorrir mas se mantém sério, me chamou a atenção desta mulher acusada de ter inventado as armas químicas usadas por Saddam Hussein.

William Claxton é um grande fotógrafo de músicos de jazz. De vez em quando, me baseio em algumas de suas fotos, de um livro que ganhei, para exercitar o desenho. Depois, passo o desenho no scanner e mudo algumas de suas características. Neste desenho aqui, por exemplo, mudei a transparência do papel. Daí a aparência de bruma.
A 7 de junho de 1885, o britânico William John Steains partiu do Rio de Janeiro para uma exploração do Vale do Rio Doce. Encontrou sobreviventes de uma colônia de norte-americanos sulistas que deixaram os EUA após a Guerra Civil esperando fundar uma nova civilzação mas foram vencidos pela natureza hostil e os índios da região. Conversou com um matuto que lhe contou que quando fosse à capital do Império queria ter uma conversinha com o tal "governo", porque ele estava muito relapso - como se governo fosse uma pessoa, não uma instituição. Ouviu histórias de como uma colônia foi destruída pelos índios botocudos, após o assassinato do capataz. Depois de oito meses de viagem, constatou que o vale era "uma grande lacuna no edifício de civilização que, nos últimos 370 anos, se vem lentamente erigindo ao longo das 4.900 milhas de litoral brasileiro" em uma conferência na Royal Geographic Society, em Londres,, em 1988. O texto foi traduzido pelo escritor capixaba Reinaldo Santos Neves e pode ser encontrado neste site: http://www.estacaocapixaba.com.br/
Shirley Horn morreu aos 71 anos. Começou como pianista e cantora, ajudada por Miles Davis. Quer saber se perdemos algo? Ouça as músicas dela aqui: http://www.mp3.com/albums/55832/summary.html
Difícil consenso com Fidel
Muito se fala agora na difícil tarefa de refundar a esquerda. Ela é muito mais difícil quando você vive em uma ditadura de esquerda. Quem quer saber o quanto, pode acessar a revista Consenso pela Internet. Ela é feita por um grupo de esquerda cubano que clama pelas liberdades mais óbvias e alerta que a política da fome da ditadura de Fidel Castro a longo prazo só joga mais ainda o país nos braços dos EUA e dos exilados cubanos (que mantêm a economia mandando para lá o dinheiro que ganham no cruel capitalismo). O número novo da revista atrasou um pouquinho, por causa de ameaças e outros tipo de perseguição que serviçais do regime de Castro usaram contra os editores.
Os textos são longos, longuíssimos para o padrão usado no jornalismo hoje. O que talvez seja um reflexo da falta de liberdade de expressão. Lembro como na infância lia jornais alternativos que tinham textos enormes falando sobre tudo, querendo tentar resolver o mundo ao ouvir o novo disco do Paul McCartney ou analisando uma peça de Plínio Marcos. E gostava, aliás, para quem acha que em tese temos de conquistar mentes jovens com muita imagem e pouco texto.
O site da revista é http://www.consenso.org/
Saiu o terceiro número da revista F. Humor, que realmente é muito divertida. As regras do churrasco por Allan Sieber são muito boas, Arnaldo Branco é ótimo, etc. Mas a história "Hermano Gonzalez: Mano de Fé" chama muito a atenção pelas suas características plásticas. O desenho é extremamente simples, as cores são chapadas. Mas tudo muito bem distribuído em cada um dos quadros, o resultado é, sem querer ofender o autor, muito bonito. O endereço do site da revista é http://www.fhumor.com.br/
O referendo das armas levou a discussões sobre muito mais coisas do que votar sim ou não. Mostrou que os artistas não são mais garotos-propaganda eficientes em campanhas políticas. Que as estatísticas estão perdendo a aura de escritura sagrada que tinham até anos atrás. Um subproduto do fim do comunismo e do fracasso dos planejamentos econômicos, planos qüinqüenais, programas governamentais para regular as nossas vidas? Pode ser que sim. E um alerta para quem gosta de comemorar muito subidas de 3% no PIB em um trimestre, por exemplo. Se nos trezentos trimestres anteriores tivessem havido sempre altas, seria para comemorar. Mas depois de crises e depressões, isso é apenas a tentativa de recuperação de um tempo que já foi perdido; o recém-formado em administração já foi para os EUA lavar pratos e conseguiu ganhar a vida. A pequena confecção já faliu. O projeto informática já foi tolhido porque uma placa de chip teve sua importação proibida por ser de "segurança nacional".
Esse tempo perdido pode ter levado ao fato que considero realmente novo nesta campanha do referendo: se o Não ganhar, terá sido esta a primeira vez em que a maioria dos eleitores foi conquistada pela idéia de que o governo NÃO DEVE FAZER ALGO. Em todas as outras campanhas políticas que eu me lembre de ter visto, os candidatos e partidos sempre prometiam que com eles no poder o estado iria dar alguma coisa: saúde, segurança, educação. Depois de anos não dando isso aos pagadores de impostos, que também têm de pagar plano de saúde privado, plano de previdência privada, escola particular, o truque aparentemente cansou. Se for isso verdade, um muro de Berlim caiu da frente dos nossos olhos. E futuros marqueteiros e políticos podiam começar a levar isso em conta em suas campanhas em 2006. Aquele candidato que prometer deixar as pessoas livres para viverem sua vida, menos impostos, seguir a frase de Calvin Coolidge, para quem "o governo não deve evitar o trabalho duro" poderia ter grandes chances.
E em caso de a vitória do Não ter sido mesmo calcada nesta idéia, é bom que os seus divulgadores, a Frente da Legítima Defesa, lembrem-se disso no caso de quererem lançar idéias como a pena de morte no Brasil. Se houvesse um referendo sobre isso, o resultado iria ser um NÃO maior ainda. Se você quer saber o porquê, vá a algum fórum. Tente conseguir alguma informação lá. A idéia de que aquilo tenha capacidade de decidir com isenção se alguém é culpado ou inocente e pode morrer ou não é simplesmente inacreditável depois de um passeio destes.