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quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Antiguia dos botequins do Rio de Janeiro

Bip-Bip

A cerveja é quente. O banheiro é imundo. O dono do bar, inamistoso. Por que então esta mística em torno deste bar? Porque nele a esquerda da zona sul carioca mantém viva a chama de uma de suas principais bandeiras - a exclusão social. Se você é da patota, o Alfredo te trata bem. Se você é apenas um cliente comum, que quer beber uma cerveja em paz, é tratado como um cachorro sarnento. O Bip-Bip, no fundo, é apenas um microcosmo que explica porque o capitalismo venceu o socialismo: o capitalismo é mais igualitário. Gente de esquerda adora se sentir superior aos outros, mesmo que seja numa pocilga.

Bracarense

Também vigora lá a lógica da patota, mas o apartheid é mais brando do que o Bip-Bip. Se você for um cliente comum, a única restrição que sofre é não conseguir um banquinho a mais na calçada quando ela já estiver totalmente ocupada - e ver em seguida, na sua frente, alguém da patota conseguir este benefício. Mas no fundo, a única coisa da qual você é privado é da companhia de um bando de alcoólatras sem assunto ao seu redor.

Jobi

Nos fins de semana, é onde os publicitários paulistas se encontram para sentir o "charme do Rio de Janeiro", e por isso, fica recendendo a charme de publicitário paulista.

Lamas

É caro. Mas em compensação, também é quente. Cheque a conta duas vezes. Também cheio de bêbados chatos, como no Bracarense. Mas os que lá ficam parecem ter consciência de sua chatice e são um pouco mais deprimidos.

Bar do Adão

São apenas pastéis, e não especiarias indianas que conservem os alimentos num mundo medieval ainda sem geladeira. Ou seja, não vale a pena cruzar oceanos e continentes em busca deles, se você não mora no Grajaú.

Bar Lagoa

O mito de que seus garçons são mal-educados é mito. Eles são bem-educados. Mal-educados são os clientes. Apenas, de vez em quando (eu só vi uma vez), os garçons perdem as estribeiras com quem eles servem, integrantes da da comunidade mais mal-educada e arrogante do planeta - os cariocas de Ipanema. Mimados, sem noção, eternamente reclamando, histéricos, eles conseguem ser mais inoportunos do que os cariocas da Zona Norte e até mesmo os cariocas da Barra. A proximidade com a Faculdade da Cidade não melhora em nada o nível da clientela.


Mineiro

Se você conseguir entrar, conseguir sentar, conseguir ser atendido, conseguir que lhe tragam o pedido, conseguir pedir a conta, conseguir que lhe tragam a conta, conseguir pagar, conseguir o troco... bem, com este nível de perserverança e habilidades políticas, o que você está fazendo neste boteco de Santa Tereza, quando tantas vidas no Oriente Médio dependem de um bom negociador de um cessar-fogo?