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sábado, outubro 27, 2007

Três pontos

O link abaixo

http://www.nytimes.com/2007/10/26/world/asia/27cambo.html?_r=1&hp&oref=slogin


é uma reportagem do New York Times sobre um dos fotógrafos de Tuol Seng. Tuol Seng era um dos "campos da morte" que o Khmer Vermelho tinha no Camboja,quando, em quatro anos, eles mataram pelo menos 1,5 milhão de pessoas. Na reportagem tem até um link para o site deste antigo campo, com fotos de várias pessoas que foram mortas lá. Era uma forma de catalogação. Geralmente, elas chegavam no "estúdio" encapuzadas. Tiravam-lhe o capuz, eles perguntavam ao fotógrafo "mas o que foi que eu fiz?', ele não respondia - apenas tirava a foto, orientando o sujeito a virar um pouco mais para esquerda, ou mais para a direita, etc. O trabalho dele, afinal, era tirar a foto. Refletir sobre a própria vida, jamé.
Sempre acho que 90% das pessoas que eu conheço, sob as mesmas circunstâncias, também apenas tirariam a foto.
Três pontos sobre o Khmer Rouge que sempre valem a pena serem lembrados.
O cerne da governo do Khmer Rouge foi um vasto programa de reforma agrária, com a abolição da propriedade, e todo poder aos camponeses. Ou seja, o paraíso com que sonham os líderes sem-terra foi trazido à Terra no Camboja.
Com a exceção de um, todos os principais líderes do Khmer Rouge estudaram em Paris nos anos 50 - onde se inebriaram dos ensinamentos do Partido Comunista Francês e aquele trololó todo do Merleau-Ponty sobre "violência revolucionária". Se houve um lugar onde as idéias políticas de Sartre, Merleau-Ponty e a chique esquerda francesa dos anos 50 foi mesmo aplicada, foi no Camboja, nos anos 80. Foram bons alunos.
Terceiro ponto: quando começaram a surgir os primeiros relatos dos massacres dos camponeses do Camboja, Noam Chomsky disse que "provavelmente eram um exagero". Chomsky, que adora exagerar, dizendo que os EUA são nazistas, etc e tal, desta vez foi mais comedido. E continua sendo ouvido como árbitro moral do mundo pelos jornais brasileiros.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Vamo acabá com esse papo furado aê

Uma professora de Comunicação e Linguagem de Oxford, Deborah Cameron, soltou um livro na praça que vai estragar um dos mais recorrentes clichês usados em conversas chatas e papos-furados que passam por "discutir a relação". "The Myth of Mars and Venus: Do Men and Women Really Speak Different Languages?" diz que é pura balela a história de que mulheres falam mais do que os homens, se expressam mais, ou usam mais palavras - e provando isso com pesquisas. A estatística tão citada de que mulheres usam um vocabulário maior do que os homens comumente, é pura invenção, segundo Cameron. E homens e mulheres basicamente são iguais em quesitos como empatia numa conversa, compreensão ou capacidade de explicar seus argumentos. Se havia alguma diferença de pensamento e expressão fundamental desenvolvida na era das Cavernas, elas ficaram nas cavernas. O livro parece ser mais um exemplo da genialidade tirada do óbvio, uma forma de inteligência que se destaca cada vez mais. E embora seja um balde de água fria em conversas de cabeleireiro, seu alerta é extreamente útil para as mulheres, alerta Deborah, porque elas são as que mais têm a perder com este tipo de diferenciação sempre resssaltado e apregoado em livros lidos por elas, como "Mulheres são de Vênus, homens são de marte", ou por revistas femininas. A resenhistas da obra no "Times", Susannah Herbert, diz que "a literatura de ' Marte e Vênus' é marcadamente condescendente com os homens, que são apresentados como agressivos, infantis ou homens de Neanderthal grunindo em suas cavernas. Um autor até intitulou seu livro 'Se os homens pudessem falar'. Um livro chamado ' Se as mulheres pudessem pensar' seria instantaneamente denunciado", diz a resenhista.