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sábado, outubro 22, 2005

O referendo das armas levou a discussões sobre muito mais coisas do que votar sim ou não. Mostrou que os artistas não são mais garotos-propaganda eficientes em campanhas políticas. Que as estatísticas estão perdendo a aura de escritura sagrada que tinham até anos atrás. Um subproduto do fim do comunismo e do fracasso dos planejamentos econômicos, planos qüinqüenais, programas governamentais para regular as nossas vidas? Pode ser que sim. E um alerta para quem gosta de comemorar muito subidas de 3% no PIB em um trimestre, por exemplo. Se nos trezentos trimestres anteriores tivessem havido sempre altas, seria para comemorar. Mas depois de crises e depressões, isso é apenas a tentativa de recuperação de um tempo que já foi perdido; o recém-formado em administração já foi para os EUA lavar pratos e conseguiu ganhar a vida. A pequena confecção já faliu. O projeto informática já foi tolhido porque uma placa de chip teve sua importação proibida por ser de "segurança nacional".
Esse tempo perdido pode ter levado ao fato que considero realmente novo nesta campanha do referendo: se o Não ganhar, terá sido esta a primeira vez em que a maioria dos eleitores foi conquistada pela idéia de que o governo NÃO DEVE FAZER ALGO. Em todas as outras campanhas políticas que eu me lembre de ter visto, os candidatos e partidos sempre prometiam que com eles no poder o estado iria dar alguma coisa: saúde, segurança, educação. Depois de anos não dando isso aos pagadores de impostos, que também têm de pagar plano de saúde privado, plano de previdência privada, escola particular, o truque aparentemente cansou. Se for isso verdade, um muro de Berlim caiu da frente dos nossos olhos. E futuros marqueteiros e políticos podiam começar a levar isso em conta em suas campanhas em 2006. Aquele candidato que prometer deixar as pessoas livres para viverem sua vida, menos impostos, seguir a frase de Calvin Coolidge, para quem "o governo não deve evitar o trabalho duro" poderia ter grandes chances.
E em caso de a vitória do Não ter sido mesmo calcada nesta idéia, é bom que os seus divulgadores, a Frente da Legítima Defesa, lembrem-se disso no caso de quererem lançar idéias como a pena de morte no Brasil. Se houvesse um referendo sobre isso, o resultado iria ser um NÃO maior ainda. Se você quer saber o porquê, vá a algum fórum. Tente conseguir alguma informação lá. A idéia de que aquilo tenha capacidade de decidir com isenção se alguém é culpado ou inocente e pode morrer ou não é simplesmente inacreditável depois de um passeio destes.

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