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sexta-feira, janeiro 23, 2009

Efemérides

No ano passado, fomos todos atormentados, chamados a participar, admirar, torcer, ler suplementos especiais, sobre os 40 anos de 1968. Curiosamente, não estou vendo esse frisson todo pelos 20 anos de 1989. Os movimentos políticos de 1968 na França, Tchecoslováquia e Brasil fracassaram. A mudança de comportamento e cultura proposta naquele ano, de "liberação", basicamente, confirmou aquela maldição que Allan Bloom pregou em seu livro "O declínio do mundo ocidental": adolescentes criados na crença de que todos os valores são iguais tornam-se apenas jovens e adultos sem valores, o que significa sem saber sua posição no mundo, sem ânimo para fazer da sua vida algo significativo. Vemos isso todos os dias. Já 1989, bem, em 1989, acabou o comunismo na Europa. Embora leiamos de quando em quando artigos de jornal dizendo que há saudades da "segurança" do comunismo, em jornais brasileiros, não há. Acabou mesmo. O fim do comunismo também foi o fim de um debate intelectual que dominou o século XX basicamente calcado em mentiras, sobre a superioridade moral ou intelectual do socialismo em relação ao hipócrita e conspurcado sistema liberal ocidental. Em 1989, ficou mais do que claro o alcoolismo, a prostituição, a fome, a devastação ambiental (todo um mar interior foi secado por um projeto de irrigação errado na Rússia) causados pelo socialismo. Essa revolução não chegou ainda a lugares mais distantes e obscuros, como departamentos de ciências humanas e sociais de universidades brasileiras. Mas significou a liberdade política para milhões de pessoas da Alemanha à Sibéria, e a liberdade intelectual para outros milhões de pessoas do lado ocidental, que não precisavam mais sentir culpa em dizer que gostavam de ter bens só seus, de consumir, sem se interessar por estilos alternativos de organização política. Então, cadê as comemorações?

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