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segunda-feira, maio 19, 2008

"Obra em progresso", de Caetano Veloso

Gostei de ter ido e visto. Agora, se é para resumir... acho que assisti a uma Missa Fúnebre da "Geração de 68". Do lado do palco, o que tínhamos era um velhote vestido de presidiário (calça cáqui e camiseta branca) que parecia uma imitação do Caetano feita pelo Chico Anysio - mas era o próprio Caetano Veloso! Visivelmente de saco cheio, fazendo músicas de harmonia cada vez mais primárias para faturar uns trocos, ele entala nelas versos que não cabem na melodia, como se estivesse sentando em cima de uma mala excessivamente abarrotada de roupas e sapatos. A primeira música era algo como
"Subiu
Partiu
Abriu
Sumiu
Nem viu"
Fiquei pensando, à la Maysa: "por que não rimar... 'puta que me pariu'?"
Do lado da platéia, você vê que a geração formada pelos "ideais de 68" - seja lá quais forem - simplesmente abdicou do direito de pensar. Um bando de quarentões e cinqüentões babando como fãs do RBD para qualquer merda que o Caetano falava, devidamente acompanhados de segundas ou terceiras esposas trinta anos mais jovens. Eu me sentia na claque do 'Zorra Total': qualquer coisa que Caetano falasse provocava um mar de gargalhadas. A pior foi quando ele disse "vocês saaabeeeem... que 'ni'... que a geeeeente aquiiiii usaaaa como eeeeeem... na Nigéééééria significa eeeeeeem!!!". A platéia vem abaixo, delírio no Maraca: Caetano Veloso descobriu que existe influência africana na nossa língua!!! Ele acha o quê, que "bunda" vem do latim, porra?
Ah sim, a banda é uma merda. Todos meninos bonitos, com cara de quem não tomam banho e usam roupas de grife tiradas da boca da vaca, o que pega muito bem hoje. Mas não tocam porra nenhuma.

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