Se você tivesse de escolher um lugar para comer bem, iria preferir o melhor restaurante da Suécia ou o melhor do Haiti? O economista Tyler Cowen recomenda o menu haitiano, no seu livro Discover Your Inner Economist. Ele argumenta que em países com maior disparidade de renda, existe mais gente sendo mal paga que topa trabalhar mais para cultivar e tratar de alimentos e de comida, e os ricos deste país vão se preocupar muito em comer extremamente bem porque isso é um sinal de status. Talvez isso explique porque, no Rio, se paga mais caro para se comer bem do que em São Paulo ou Belo Horizonte: a desigualdade aqui é maior porque os ricos cariocas não têm talento para criar suficiente crescimento econômico que dê chance aos pobres de melhorar de vida.
O livro de Tyler segue a linha de "Freakonomics" e analisa pelo ponto de vista econômico fatos da vida como a chance de sucesso de conquistar uma bonita mulher fingindo ignorá-la (não há garantia nenhuma de que isso funcione, avisa ele, decepcionando os feios, tímidos e preguiçosos que gostam desta tática), e alertando que a questão principal da economia não é o dinheiro, mas a escassez - que pode ser de tempo ou de carinho, por exemplo. É isso que faz a economia girar.
Até aí tudo bem. Mas só que tudo isso não é novo. Pode ser resumido numa frase que minha mãe gostava de me dizer: "meu filho, na vida a gente tem de ter malícia". Notável é que conclusões que seriam óbvias para quem tem um pouco de malícia sejam encadernadas e publicadas em forma de livro e vendam assim. Um fato da vida que livros como "Freakonomics" e esse acima revelam é que a malícia foi expulsa de outros campos das chamadas ciências humanas - por correção política, excesso de marxismo, distanciamento da realidade dos professores universitários encastelados, tudo junto. Mas sociólogos, antropólogos e outros ólogos estão mais preocupados em condenar moralmente algum fato inevitável da vida - em breve, algum francês chorará contra o "inevitável e amargo destino da Terra de girar em torno do sol", aguardem - ou rechear com palavras terminadas em "ão","ade", "ento" e "ismo" algum relato de um fato óbvio em suas teses de pós, mestrado, doutorado, etc. Algo do tipo "a questão da desigualdade social necessita um ativismo por parte da sociedade, por meio de um engajamento", etc. Sobrou para a economia olhar a vida como ela é e refletir sobre ela em formas mais práticas, porque afinal de contas, quem se forma em economia tem mais chances de ganhar dinheiro sendo prático do que quem se forma em sociologia, que tem mais chances de ganhar dinheiro escrevendo teses ilegíveis e desimportantes que denunciem algum fato social já sabido de todos. E isso também é um fato econômico.
terça-feira, julho 24, 2007
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