Como muitos outros intelectuais franceses, Jean Baudrillard é bastante adotado e citado por acadêmicos brasileiros por uma boa razão: escreve mal. Assim, qualquer coisa que ele escreva pode significar qualquer coisa - e a autoridade para se medir a aptidão do aluno e sua capacidade de aprender não pode ser testada mais nas informações do texto, mas na interpretação que o professor irá dar a ele. Que vai mudar de acordo com as simpatias sexuais, políticas ou adulatórias que o aluno despertar no professor, ou o número de vezes em que o aluno citar o livro que o professor acabou de lançar mas ninguém leu em sua dissertação ou tese, se estivermos falando de pós-graduação. Seria uma ... "dominação pelo discurso", para usar um jargão de Michel Foucault.
No futuro, é provável que gente como Baudrillard, Foucault, Lyotard, Derrida, seja lembrada pelos efeitos cômicos de seus textos e aparições. Porque assim como o personagem de Moliére que falava em prosa sem o saber, eles todos escrevem e falam em tom de comédia absurda sem o perceber. Mas uma reportagem da The New Yorker captou este estilo em uma palestra recente de Baudrillard em Nova York. Teria tudo para ser a coisa mais chata do mundo. Mas o detalhe das vestimentas, da reverência dos ouvintes, como se fossem botocudos impressionados com o Anhangüera tacando fogo em uma tigela de álcool, captam a hilariedade de Baudrillard e sua seita, até o gran finale, em que ele se classifica como "um simulacro de si mesmo". Está neste endereço: http://www.newyorker.com/talk/content/articles/051128ta_talk_macfarquhar
quarta-feira, novembro 23, 2005
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