Uma das reportagens mais lidas no site do New York Times tem a ver com a agressão de Chris Brown a Rihanna. Mas não são detalhes do espancamento, antecedentes ou consequências: o jornal relata como, de uma maneira chocante para as velhas gerações, há um número substancial de adolescentes negras que apoiam Brown. Elas acham que se a cantora apanhou do namorado, alguma ela fez. E têm mais ciúme de Rihanna por estar com aquele gatinho espancador do que piedade e compreensão de que, se tal comportamento não é reprovado, cum pouco, são elas que entrarão na porrada. A reportagem segue mostrando como esta mentalidade que achávamos só possível nalguma senhora de engenho do século XVIII é um componente de um tipo de comportamento em que as adolescentes topam, submetem-se, aceitam a... a.... vamos lá, a superioridade masculina na relação. Elas aprendem que não devem denunciar agressões e abusos dos garotos, para não prejudicar-lhes o futuro - não é bonito isso, mulher sofrer calada em sacrifício?
Todo este recrudescimento moral, é claro, está apoiado no que um dos entrevistados chama de "a cultura do hip-hop", aquelas músicas MANEEEERAS em que toda mulher é puta e todo homem é medido pela quantidade de violência que está disposto a aplicar em seus semelhantes. De preferência, muito bem armado. O que é mais um indício de que o principal fenômeno comportamental, o mais generalizado, neste início de século, é o esvaziamento político da juventude: eles não representam mais a mudança, a experimentação. Representam o conservadorismo, e se orgulham muito disso, achando que um piercing no umbigo substitui uma ideia na cabeça.
sexta-feira, março 20, 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário